Por Altamiro Borges
A visita ao Brasil de
Yoani Sánchez tem gerado grande excitação na mídia. Ela não é tratada como uma
mera blogueira, mas sim como a principal dissidente de Cuba na atualidade. As
corporações midiáticas, que nunca toleraram a revolução cubana – e, inclusive,
usaram o perigo do seu espectro para defender o golpe militar de 1964 –,
apresentam a blogueira como heroína das liberdades democráticas. O interessante
é que a mesma mídia nada fala sobre Bradley Manning, o jovem soldado preso nos
EUA desde maio de 2010.
Bradley Manning foi
acusado, sem provas, de vazar mais de 150 mil documentos da diplomacia ianque
para o WikiLeaks. Na época, ele era analista de inteligência no batalhão de
suporte da 2ª Brigada da 10ª Divisão da Estação de Operação de Contingência no
Iraque. O motivo apresentado para sua prisão foi um vídeo divulgado pelo
WikiLeaks sobre um criminoso ataque de helicópteros dos EUA a civis inocentes
em Bagdá, em julho de 2007. O filme teve ampla repercussão na internet e
colocou o império na defensiva.
As condições da prisão do jovem soldado
estadunidense, na base militar de Quantico, na Virgínia, ferem todos os
princípios dos direitos humanos. Ele ficou quase um ano na solitária. “Eu
estava certo que ia morrer naquela cela animalesca”, afirmou numa entrevista. A
pressão interna e externa garantiu a sua sobrevida. Ele também sofreu bárbaras
torturas psicológicas. No final do ano passado, os eleitores do jornal
britânico The Guardian elegeram Manning como a personalidade do ano na defesa
da liberdade de expressão.
Apesar destas atrocidades, a mídia colonizada
evita dar destaque a este caso dramático. Não há qualquer campanha midiática
pela libertação de Bradley Manning. Por razões óbvias, a imprensa seletiva
prefere tratar como heroína a dissidente cubana Yoani Sánchez, que também é diretora
da golpista Sociedade Interamericana de Prensa (SIP) e “colaboradora especial”
do Instituto Millenium, o antro dos barões da mídia nativa. E ainda tem gente
que acha que a luta de classes acabou e que a “guerra fria” não
existe mais!
Fonte – Blog do Saraiva
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