30 de setembro de 2012

É preciso vomitar o ‘sapo barbudo’



Por Roberto Amaral

Quem quiser, no que resta de esquerda brasileira, que construa castelos de areia sobre a ilusão do fim da luta de classes, ou da conciliação dos interesses populares com a burguesia reacionária, rentista, quatrocentona, de nariz arrebitado e cartórios na Avenida Paulista. Nossas ‘elites’ conservadoras têm consciência de classe, mais aguda e mais profundamente que os dirigentes da Força Sindical. A classe dominante (vai a expressão em desuso como homenagem ao sempre saudoso Florestan Fernandes) conhece seus objetivos e sabe escolher os adversários segundo a ‘periculosidade’ que  atribui a cada um. Uns são adversários passageiros, ocasionais, outros são inimigos históricos, que cumpre o quanto antes eliminar.
Lula, considere-se ele intimimamente de esquerda ou não, socialista ou não, é, independentemente de sua vontade, esse inimigo fundamental: de extração operária (daí, contrário senso, a boa vontade da classe média com Dilma, pois não vem do andar de baixo) está, no campo da esquerda, no campo popular e no campo das lutas sociais. Para além, portanto, das reivindicações econômicas do sindicalismo, quando chegou a encantar certos setores da burguesia que nele viam então apenas uma alternativa sindical aos cartéis do “peleguismo”, dóceis,  e do que restava de varguismo e comunismo. Hoje,  queira ou não, continua a ser o “sapo barbudo” que a direita foi obrigada a engolir, mas está sempre tentando regurgitar. A direita — impressa ou partidária (esta sob o comando daquela, ambas mercantis, desligadas do interesse nacional) –, ao contrário de certos setores pueris de nossa esquerda,  age em função de seus objetivos estratégicos e em torno deles se unifica. Recua, quando necessário, em pontos secundários em face de dificuldades conjunturais para avançar no fundamental, exercitando a lição leninista do “um passo atrás, dois à frente”. Muitos de nós operam na inversão da frase.
No governo, cingido à realidade fática da “correlação de forças”, nosso governo (o de coalisão liderado pelo presidente Lula, que abarcou todos os partidos de esquerda e mais os apêndices que foram do centro à direita assistencialista) não realizou as reformas políticas, da estrutura estatal, que poderiam, passo a passo, abrir caminho para uma efetiva, ainda que a médio e longo prazos, alternância de poder.

Serra chama reporter de Sem Vergonha


Demos já preparam o enterro



Por Altamiro Borges

Saiu hoje na coluna de Ilimar Franco, no sítio do jornal O Globo:

O naufrágio do DEM
As conversas sobre a fusão do DEM ao PMDB serão retomadas. O DEM vai sair do pleito bastante enfraquecido. Sua direção já vinha sendo pressionada por deputados estaduais e federais, que precisam de bases fortes para enfrentar a reeleição. Seu presidente, o senador José Agripino (RN), interditou o debate no início do ano. Naquela época, o partido sonhava vencer em quatro capitais.

No início da campanha eleitoral deste ano, os demos até que ficaram animadinhos com algumas pesquisas e, principalmente, com o incentivo da mídia “privada”. Teve gente que garantiu que o DEM sairia ressuscitado do pleito municipal. Alguns “calunistas” já davam como certa a vitória de ACM Neto, em Salvador, e de Moroni Torgan, em Fortaleza. Mas a vida é dura e o eleitorado não é bobo. As sondagens na reta final da campanha serviram como ducha de água fria nas aspirações dos oligarcas conservadores do DEM.
Diante do possível desastre, os demos voltam a debater a extinção da legenda. Logo após as eleições de 2010, com a derrota de vários coronéis da sigla (como Marco Maciel, Heráclito Fortes, César Maia, entre outros), o DEM entrou em crise. De mais de 100 deputados eleitos no reinado de FHC, a sigla despencou para 45 deputados. Para piorar, em meados do ano passado, alguns demos resolveram abandonar o barco a deriva e fundar o PSD, sob o comando do prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab.
Mas como desgraça pouca é bobagem, no início deste ano pintou o escândalo de corrupção envolvendo um dos principais chefões do partido, Demóstenes Torres, o “mosqueteiro da ética” da Veja. O senador, já lançado pela sigla como presidenciável para 2014, foi cassado por suas ligações com a máfia de Carlinhos Cachoeira. O discurso da ética, utilizado por uma legenda mais suja do que pau de galinheiro, caiu em total descrédito. A última chance de sobrevida era a eleição municipal. Mas, pelo jeito, também não deu certo. 

Fonte – Blog do Miro

Miss Rio Grande do Norte fica em segundo lugar no Miss Brasil



A Miss Rio Grande do Norte, Kelly Fonseca, ficou em segundo lugar na concurso Miss Brasil 2012, que foi realizado ontem (29), no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. O título ficou com a Miss Rio Grande do Sul, Gabriela Markus, que deixou para trás 26 candidatas. A faixa e a coroa foram entregues pela Miss Brasil 2011, Priscila Machado.

Divulgação/BandA Miss Rio Grande do Norte Kelly Fonseca
ficou entre as três finalistas

Com o título em mãos, Gabriela representará o Brasil no dia 19 de dezembro em Las Vegas, Estados Unidos, onde ocorrerá o Miss Universo 2012.
O Rio Grande do Sul tem grande tradição no Miss Brasil: tem 12 títulos das 58 edições, sendo o estado com o maior número de conquistas. O Rio Grande do Norte tem 2 títulos, um conquistado por Marta Jussara da Costa em 1979 e outro por Larissa Costa em 2009.
A Miss Rio Grande do Norte, Kelly Fonseca, ficou em segundo lugar na concurso Miss Brasil 2012, que foi realizado ontem (29), no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. O título ficou com a Miss Rio Grande do Sul, Gabriela Markus, que deixou para trás 26 candidatas. A faixa e a coroa foram entregues pela Miss Brasil 2011, Priscila Machado.
Divulgação/BandA Miss Rio Grande do Norte Kelly Fonseca ficou entre as três finalistas.
Com o título em mãos, Gabriela representará o Brasil no dia 19 de dezembro em Las Vegas, Estados Unidos, onde ocorrerá o Miss Universo 2012.
O Rio Grande do Sul tem grande tradição no Miss Brasil: tem 12 títulos das 58 edições, sendo o estado com o maior número de conquistas. O Rio Grande do Norte tem 2 títulos, um conquistado por Marta Jussara da Costa em 1979 e outro por Larissa Costa em 2009.

Fonte – Tribuna do Norte

Os 20 anos do impeachment de Collor - 1



Autor: 

A aposta da Globo
O primeiro nome nacional a dar impulso à  candidatura Fernando Collor foi Chacrinha. Tendo passado a mocidade no Rio de Janeiro, Collor tornou-se amigo de Leleco, filho de Chacrinha. Ganhou espaço no programa o Cassino do Chacrinha para vender a imagem de “caçador de marajás”.
Embora filho de um amigo e ex-sócio de Roberto Marinho – o ex-senador Arnon de Mello –Collor não foi adotado de imediato pelas Organizações Globo.
Havia um foco na ação de Marinho: impedir a eleição de Lula. Depois, apostar no cavalo vencedor. Em determinado momento, parecia ser Guilherme Afif Domingos. Depois, mudou para Mário Covas que triturou Afif no debate da Rede Bandeirantes.
Para celebrar o acordo com Covas, houve famosa reunião no Rio, em que Covas e assessores encontraram-se com Roberto Marinho e seu ghost writter, Jorge Serpa. Um dos assessores de Covas –o jornalista Nirlando Beirão – preparou um artigo que seria publicado no jornal O Globo e repercutido no Jornal Nacional. Serpa ponderou que faltava o “lide”, a abertura de impacto capaz de marcar a campanha de Covas. E sugeriu o tal “choque de capitalismo”. Acabou colidindo com a imagem de Covas na Constituinte e foi enorme tiro na água.
Mas Serpa estava correto em relação à ideia-força da campanha.
Só depois que se consolidou como adversário de Lula, Collor recebeu as bênçãos de Robert Marinho. Mas chegou aos 25 pontos do IBOPE por pura intuição, alicerçada nas análises de Marcos Coimbra, filho de um diplomata casado com uma irmã de Collor.
A intuição política
Seu pai, Arnon de Mello, alagoano, tornou-se jornalista conhecido dos Diários Associados. É dele a reportagem clássica do encontro de Poços de Caldas entre Getúlio e os governadores, que resultou no Estado Novo.
Os contatos com o mundo de Getulio Vargas se abriram depois que Arnon conheceu dona Leda Collor, filha do Almirante Souza e Silva. Viúva, a mãe casou-se com Lindolfo Collor, Ministro de Vargas, que educou e emprestou seu nome às filhas. Eram duas irmãs de temperamento fortíssimo. Mulher independente, estudou na Universidade do Brasil e teve presença marcante na vida dos filhos.

STF caminha para novo caso Dreyfus, com a AP 470?


Assim como o julgamento do capitão francês também foi julgado, o mesmo acontecerá um dia com o processo do mensalão. Lá atrás, a corte de Paris dobrou-se aos interesses oligárquicos e decidiu reincidentemente contra provas, mandando às favas conquistas fundamentais da revolução de 1789. Será esse também o caminho da corte suprema brasileira? Leia o texto exclusivo de Breno Altman para o 247, na data que marca 110 anos da morte de Emile Zola, autor do célebre "J´accuse"

Por Breno Altman 

No dia 29 de setembro de 1902, falecia o célebre escritor francês Emile Zola, em circunstâncias até hoje não esclarecidas. Da sua vasta obra literária, um pequeno panfleto foi o que mais causou impacto. Intitulava-se “Eu acuso!”, publicado em 1898, com tiragem inicial de 300 mil exemplares. Abordava rumoroso tema judicial, conhecido como o caso Dreyfus.
Tudo começou nos idos de 1894, quando uma faxineira francesa encontrou, na embaixada alemã em Paris, carta pertencente ao adido militar, tenente-coronel Schwarzkoppen. O texto parecia indicar a existência de um oficial galo espionando a favor de Berlim. Dentre os possíveis autores do documento incriminador, apenas um era judeu, o capitão Alfred Dreyfus.
A possibilidade acusatória caiu como uma luva para as elites francesas, que apostavam em reconstruir sua influência com discurso artificialmente nacionalista. Pairava sobre a burguesia tricolor a pecha de vende-pátria, desde a rendição, em 1871, na guerra franco-prussiana. O primeiro-ministro Louis Adolphe Thiers, depois presidente da III República, chegou a contar com colaboração do invasor alemão para esmagar a Comuna de Paris, poucos dias após o armísticio que colocou fim aos embates entre ambas nações.
Atacar os judeus, portanto, era bom negócio para despertar o ódio racial-chauvinista da classe média e reconquistar sua simpatia. Acovardados diante do império de Bismarck, os magnatas de Paris trataram de buscar apoio social apontando para um inimigo interno. Recorreram à artilharia da imprensa sob seu controle para disseminar imagem de vilania que servisse a seus objetivos.
O julgamento contra Dreyfus incendiou o país. O oficial, além da dispensa por traição, acabou condenado à prisão perpétua na Ilha do Diabo, na costa da Guiana Francesa. Um processo relâmpago, conduzido por tribunal militar, sob pressão dos jornais direitistas, selou seu destino.
Três anos depois de promulgada a sentença, o irmão do réu descobre documentos que inocentavam Dreyfus e comprometiam Charles-Ferdinand Esterhazy, nobre oficial de origem húngara, com o ato de espionagem. Um segundo julgamento é realizado, em 1898, mas os magistrados mantêm a decisão anterior, a despeito das novas provas.

Cadê as fitas, Civita?




Mais uma semana passa e Veja não apresenta as fitas da “entrevista” com Marcos Valério; reportagem sobre a Ação Penal 470 pede a condenação da “viga mestra” do esquema, que seria o núcleo político; fraude jornalística contra Lula é uma das maiores da história recente, mas não é inédita; em caso anterior, envolvendo Erenice Guerra, a revista de Roberto Civita também não tinha as gravações que dizia possuir; golpe paraguaio!

247 – A suposta “entrevista” de Marcos Valério à revista Veja, publicada duas semanas atrás, entrará para a história como uma das maiores fraudes da história do jornalismo brasileiro. Tão ou mais grave do que a história contada pelo escritor Fernando Morais em seu artigo “Um espectro ronda o jornalismo: Chatô”, lembrando o caso da encomenda feita por Assis Chateaubriand contra o arcebispo de Belo Horizonte, Dom Cabral. Chatô queria provar que Dom Cabral havia estuprado a irmã, ainda que fosse filho único. Roberto Civita gostaria de ver Lula na cadeia ou, pelo menos, fora do jogo político.
Duas semanas já se passaram e Veja não apresentou qualquer indício de que tenha gravações de Marcos Valério incriminando o ex-presidente Lula - na “entrevista”, o ex-presidente era apontado como o “chefe do mensalão” pelo publicitário e comandaria ainda um caixa dois de R$ 350 milhões. Na edição seguinte, Veja saiu com capa falando sobre sexo. Nesta, fala sobre o esforço de Ronaldo para emagrecer, numa reportagem dedicada ao tema “força de vontade” – algo que seria necessário para crer na existência das gravações de Veja.

Mensalão - subjetivismo e erros históricos



Por Valdemar Menezes

SUBJETIVISMO

A polarização também está presente no STF, fracionando-o em duas concepções jurídicas: uma mais garantista, que dá ênfase aos direitos e garantias constitucionais, no processo penal; e a corrente que os relativiza, flexionando exigências como a presunção de inocência, a prova dos autos, o ato de ofício para configurar a corrupção ativa de funcionário público, o direito ao duplo grau de jurisdição (direito de recorrer a uma segunda instância) e outras “inovações” que abrem as comportas – segundo alguns especialistas - para a discricionariedade (subjetivismo) do julgador e que são consideradas perigosas para o futuro do Estado democrático de Direito e que se explicitam através do conceito jurídico de “domínio do fato”. Neste, a falta de provas para identificar mandante de quadrilha é substituída pelo subjetivismo do julgador, entrando-se no reino das ilações.

  
ERROS HISTÓRICOS

 Para quem considera heresia afirmar que o STF pode errar, certas correntes jurídicas e cientistas políticos têm advertido que a Corte Suprema não é imune a condicionamento do meio cultural e social e da correlação real de poder. Lembram que o Judiciário brasileiro já incidiu em erros gravíssimos por conta disso:  

a)
negação de habeas-corpus a Olga Benário Prestes, que estava grávida, e quando sua entrega aos nazistas poderia significar uma sentença de morte (como de fato ocorreu);

b
) a validação da manobra para cassar o registro do Partido Comunista do Brasil, em 1947, e dos mandatos de seus 17 parlamentares, atirando-os à clandestinidade, em atendimento às pressões de Washington e de latifundiários contrários à reforma agrária;  

c)
apoio ao golpe de Estado de 1964 (o presidente do STF foi a posse de Ranieri Mazzilli (presidente da Câmara dos Deputados) em substituição a João Goulart, quando este ainda se encontrava em território nacional;

d)
convalidação de atos jurídicos incompatíveis com o Estado Democrático de Direito, curvando-se à ditadura.  CARTA ABERTA

Uma Carta Aberta ao Povo Brasileiro, assinada por mais de duas centenas de intelectuais, inclusive Oscar Niemeyer e Luis Bresser Pereira, advertindo sobre distorções no julgamento do mensalão, foi publicada esta semana. Aqui, a íntegra: “Desde o dia 02 de agosto o Supremo Tribunal Federal julga a ação penal 470, também conhecida como processo do mensalão. Parte da cobertura na mídia e até mesmo reações públicas que atribuem aos ministros o papel de heróis nos causam preocupação. Somos contra a transformação do julgamento em espetáculo, sob o risco de se exigir – e alcançar - condenações por uma falsa e forçada exemplaridade. Repudiamos o linchamento público e defendemos a presunção da inocência. A defesa da legalidade é primordial. Nós, abaixo assinados, confiamos que os Senhores Ministros, membros do Supremo Tribunal Federal, saberão conduzir esse julgamento até o fim sob o crivo do contraditório e à luz suprema da Constituição”.

 RAIZ DO “MENSALÃO”

O escândalo do “mensalão” - como analisam cientistas políticos, constitucionalistas e outros – não é específico de uma única força política
(vide os “mensalões” do PSDB e do DEM, já identificados, além da compra de votos para a reeleição de FHC e inúmeras outras iniciativas semelhantes, como a utilização corriqueira do caixa 2 nas eleições). É preciso entender que a raiz de tudo está no modelo presidencialista de coalizão. É preciso mudá-lo.

Fonte – Blog do Saraiva