Mais uma semana passa
e Veja não apresenta as fitas da “entrevista” com Marcos Valério; reportagem
sobre a Ação Penal 470 pede a condenação da “viga mestra” do esquema, que seria
o núcleo político; fraude jornalística contra Lula é uma das maiores da
história recente, mas não é inédita; em caso anterior, envolvendo Erenice
Guerra, a revista de Roberto Civita também não tinha as gravações que dizia
possuir; golpe paraguaio!
247 – A
suposta “entrevista” de Marcos Valério à revista Veja, publicada duas semanas
atrás, entrará para a história como uma das maiores fraudes da história do
jornalismo brasileiro. Tão ou mais grave do que a história contada pelo
escritor Fernando Morais em seu artigo “Um espectro ronda o jornalismo: Chatô”,
lembrando o caso da encomenda feita por Assis Chateaubriand contra o arcebispo
de Belo Horizonte, Dom Cabral. Chatô queria provar que Dom Cabral havia
estuprado a irmã, ainda que fosse filho único. Roberto Civita gostaria de ver
Lula na cadeia ou, pelo menos, fora do jogo político.
Duas semanas já se passaram e Veja não
apresentou qualquer indício de que tenha gravações de Marcos Valério
incriminando o ex-presidente Lula - na “entrevista”, o ex-presidente era apontado
como o “chefe do mensalão” pelo publicitário e comandaria ainda um caixa dois
de R$ 350 milhões. Na edição seguinte, Veja saiu com capa falando sobre sexo.
Nesta, fala sobre o esforço de Ronaldo para emagrecer, numa reportagem dedicada
ao tema “força de vontade” – algo que seria necessário para crer na existência
das gravações de Veja.
Quando se debruça sobre o mensalão, na
reportagem chamada “A hora da verdade”, Veja afirma que “falta apenas a viga
mestra legal no edifício que vem sendo construído pelo Supremo Tribunal
Federal”, ou seja, a condenação do núcleo político, formado por José Dirceu,
José Genoino e Delúbio Soares. Mas isso talvez não seja suficiente para excluir
Lula da vida política brasileira, como aponta o jornalista Otávio Cabral, na coluna
Holofote. “Eu não vou deixar que o último capítulo da minha bigrafia seja
escrito pelos ministros do Supremo Tribunal Federal. Quem vai escrevê-lo é o
povo”, teria dito o ex-presidente, segundo a revista, a um ex-ministro. Sendo
verdadeira ou não a declaração, fica claro que Lula não irá se dedicar apenas a
fazer churrascos em São Bernardo, como defende o historiador Marco Antonio
Villa.
Como tem sido colocado aqui deste o início, a
“entrevista” com Marcos Valério foi apenas uma fraude jornalística que visava
impedir a eventual volta de Lula ao poder, seja em 2014, seja em 2018,
ameaçando-o com um processo judicial. Uma tentativa de golpe paraguaio. Na
reportagem sobre o mensalão, Veja tenta rebater o argumento, ao dizer que
“golpe em ex-presidente é uma contradição em termos”. Ocorre que existem também
os golpes e as guerras preventivas. Exemplo: ataque-se o Irã antes que o país
tenha sua bomba atômica. Ataque-se Lula antes que ele cogite a hipótese de
voltar.
Comprovada a fraude de duas semanas atrás, descobre-se
agora que ela não é inédita. Na reportagem “Caraca, que dinheiro é esse?”, que
falava da entrega pacotes de dinheiro dentro da Casa Civil, às vésperas da
disputa de 2010 entre Dilma Rousseff e José Serra, Veja sustentou, com nítidas
intenções eleitorais, que as confissões da propina haviam sido feitas a Veja
“em depoimentos gravados”. Erenice foi à Justiça, pediu que a revista
apresentasse as gravações – que jamais apareceram – e foi inocentada.
Quinze dias depois da entrevista que seria tão
devastadora quanto a de Pedro Collor, segundo anunciado por Veja, só o ET de
Varginha e o jornalista Ricardo Noblat ainda acreditam nas gravações. Haja
força de vontade!
Fonte
– Brasil247
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