27 de setembro de 2012

Comportamento de Barbosa pode inviabilizar a sua eleição para presidência do STF



Wálter Fanganiello Maierovitch.

Na sessão de julgamento do Mensalão de ontem  ocorreu algo extra  que poderá significar o fim da candidatura do ministro Joaquim Barbosa à presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), no próximo mês de novembro e em face da aposentadoria compulsória de Ayres Brito. Barbosa é o atual vice-presidente do Pretório excelso.
Com anterior e conhecido atrito com o ministro Gilmar Mendes (chamado de possuidor de capangas), Barbosa, no curso da judicatura suprema, colecionou desafetos. O ministro Ricardo Lewandowski é um deles, sem falar nas censuras que lhe foram feitas, — por não se policiar–, pelo polêmico ministro Marco Aurélio de Mello, indicado para o STF pelo então presidente Collor de Mello, seu primo.
Um eventual veto a Barbosa em novembro e na suprema urna decorrerá do fato de se exigir, –de  um pretendente a chefe de poder Judiciário–, civilidade-, temperança na linguagem, trato urbano e respeioto às opiniões contrárias.
Um novo ministro, quando ingressa no Supremo e por cálculo da secretaria,  fica logo a saber quando irá assumir a presidência. Por tradição, ocorre rodízio e o que deixa a presidência no final do biênio de mandato vai para o fim da fila. Na história do STF nunca se preteriu  nenhum ministro.
Ontem, Barbosa, ofensivamente, afirmou ter Lewandowski feito “vista grossa” da prova, que deveria parar com “hipocrisias” e julgar “corretamente”.
Como expressões latinas são muitas usadas pelos supremos ministros, é estranho Barbosa ter esquecido do recomendado no vetusto “modus in rebus”, ou seja, existe uma medida adequada para cada ocasião, um meio termo, a moderação e a temperança.
Uma  imagem ajuda  na compreensão dos atritos (os supremos ministros preferem “dissenso”) entre o relator-sorteado Barbosa e o revisor Lewandowski. O ministro Barbosa, no seu voto, preocupa-se com a paisagem e emoldura o pantagruélico escândalo, sem expor o cotejo que realizou das provas. O revisor, nesse quadro emoldurado pelo relator, centra-se no indivíduo mostrado e examina e compara todos os elementos de prova trazidos.
O fatiamento do ‘Mensalão’, ou melhor, a metodologia escolhida pelo relator Barbosa está a gerar o ‘bate-boca’ (supremo dossenso) em Plenário. Os juízes e Tribunais criminais, — e o próprio Supremo como regra–, não adotam o fatiamento, mas o exame das condutas de cada réu denunciado e para fim de realização da adequação  ao tipo penal irrogado na denúncia do ministério Público. 

Com razão pode-se sustentar que, muitas vezes, um ministro-julgador, em função de relator sorteado ou de revisor, pode avaliar mal a prova dos autos processuais. Lewandowiki, por exemplo, entendeu que o réu Emerson Palmieri, do partido de sigla PTB (Partido Trabalhista Brasileiro)  não participou e nem sabia do esquema de ilicitudes descritos na denúncia.
No particular, o revisor Lewandowski  apresentou Palmieri como a  “ a alma do partido e a pessoa que faz, como se diz, parte dos móveis e utensílios do PTB”. Para o revisor, Palmiere  não percebeu nada, embora  um “pacote de R$200.000,00 ter “ sido jogado no seu colo”.
Mais ainda e sempre consoante Lewandowski, o réu  Palmieri foi a Portugal na companhia de Valério e o co-réu Tolentino (mesmo vôo e poltronas vizinhas),  sem saber do motivo da viagem. E esperou, com a mente em branco,   na ante-sala a reunião de Marcos Valério com o presidente da Portugal Telecom. Um presidente cuja idoneidade Lewandowski presumiu.
Com efeito. Na avaliação da prova deve ser respeitada a subjetividade interpretativa do julgador e se deve, discordar civilizadamente.
Não bastasse tudo isso, tivemos uma passagem que levaria os mais sensíveis a se debulharem em lágrimas. Ainda mais, consumirem caixas de lenços de papel e até banharem as roupas. A propósito, o supremo ministro Lewandowski demonstrou o quanto um infrator do Código Penal  pode ter bom coração, ser altruísta.
O réu Roberto Jefferson compadeceu-se da namorada do ex-presidente do seu partido político (PTB), morto tragicamente num desastre aéreo. Como a jovem namorada  tinha ficado desamparada economicamente, Jefferson entregou-lhe um bom dinheiro, usado na compra de um apartamento.
Na verdade, Jefferson tinha, indevida e ilegalmente, recebido a bagatela de  R$4,5 milhões a mando do petista Delúbio Soares e por meio do grupo de Marcos Valério. Mas, e no popular, Jefferson fez cortesia com o chapéu alheio. O seu bolso não foi desfalcado.
Até agora, não deu para compreender a relevância,– para o julgamento do processo–, desse fato da vida privada escancarado por Lewandowski, que deu o nome da moça, do seu pai, e onde ela está a trabalhar.

PANO RÁPIDO. Essa a moça desnudada, certamente,  vai ser objeto de brincadeiras de supremo mau gosto.

Fonte – terramagazine.terra.com.br


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