13 de setembro de 2012

Indelicado, fora do tom e, talvez, desesperado




Só isso explica a declaração de José Serra, ao afirmar que Dilma não deveria “meter o bico” em São Paulo, uma cidade que, segundo diz o tucano, ela “mal conhece”, embora mantenha boas relações tanto com o governador Geraldo Alckmin como com o prefeito Gilberto Kassab. Candidato do PSDB está em pânico com a possibilidade de não ir ao segundo turno

247 – Quando decidiu se lançar candidato à prefeitura de São Paulo, após vários meses de hesitação, José Serra sabia que estava abdicando do seu grande sonho, que era chegar, um dia, à presidência da República. Dizia aos amigos mais próximos que, se eleito, teria um enterro com honras. Se perdesse, sairia da cena política humilhado.
No seu íntimo, Serra estava preparado apenas para a primeira hipótese. Contava com uma vitória líquida e certa, talvez até em primeiro turno, marcando, em São Paulo, um contraponto ao poder do PT no plano federal. Por isso mesmo, lançou sua campanha falando que São Paulo seria uma espécie de trincheira democrática contra o avanço petista.

Serra demorou a se lançar, apostando na hipótese de que um candidato novo no universo petista, como é o caso de Fernando Haddad, teria pouco tempo para se firmar. E traçava um cenário de polarização PT-PSDB no segundo turno, como ocorreu nas últimas eleições em São Paulo – e nas quais foi vitorioso.
De repente, tudo começou a dar errado para o tucano. A começar, pela surpreendente ascensão de Celso Russomano, com votos aparentemente cristalizados. Em seguida, o apoio de Lula, Marta Suplicy e Dilma Rousseff a Hadadd começaram a surtir efeito. E Serra, mais uma vez, mergulhou de cabeça numa campanha negativa.
Até agora, ele já fez referências ao mensalão na propaganda eleitoral e disparou, ontem, seu mais duro ataque não apenas ao PT, como também à presidente Dilma Rousseff. Disse que ela não deveria “meter o bico” em São Paulo, uma cidade que “mal conhece”. Haddad respondeu dizendo que, em breve, Serra não poderá mais sair nas ruas, tamanha é a sua rejeição – ela já bateu em 46%, o que o transforma numa espécie de “neoMaluf” em São Paulo.
Quando foi candidato à prefeitura de São Paulo em 1996, Serra teve o apoio explícito de Fernando Henrique Cardoso, assim como Celso Pitta do ex-prefeito Paulo Maluf. Faz parte do jogo político. Pitta venceu a disputa sem dizer que FHC não deveria “meter o bico” em São Paulo.
Nos dias de hoje, Dilma Rousseff mantém boas relações com o governador Geraldo Alckmin, com quem já assinou vários convênios de cooperação financeira em diversas áreas, e com o prefeito Gilberto Kassab, que pode vir a se tornar ministro – ou indicar alguém do PSD – após as eleições municipais.
Num ato impensado, Serra conseguiu ser indelicado, fora do tom e demonstrou, talvez, desespero com a possibilidade não passar sequer para o segundo turno numa eleição que considerava ganha.

Fonte – Brasil247


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