Só
isso explica a declaração de José Serra, ao afirmar que Dilma não deveria
“meter o bico” em São Paulo, uma cidade que, segundo diz o tucano, ela “mal
conhece”, embora mantenha boas relações tanto com o governador Geraldo Alckmin
como com o prefeito Gilberto Kassab. Candidato do PSDB está em pânico com a
possibilidade de não ir ao segundo turno
247 –
Quando decidiu se lançar candidato à prefeitura de São Paulo, após vários meses
de hesitação, José Serra sabia que estava abdicando do seu grande sonho, que
era chegar, um dia, à presidência da República. Dizia aos amigos mais próximos
que, se eleito, teria um enterro com honras. Se perdesse, sairia da cena
política humilhado.
No seu íntimo, Serra estava preparado apenas
para a primeira hipótese. Contava com uma vitória líquida e certa, talvez até
em primeiro turno, marcando, em São Paulo, um contraponto ao poder do PT no
plano federal. Por isso mesmo, lançou sua campanha falando que São Paulo seria
uma espécie de trincheira democrática contra o avanço petista.
Serra demorou a se lançar, apostando na hipótese
de que um candidato novo no universo petista, como é o caso de Fernando Haddad,
teria pouco tempo para se firmar. E traçava um cenário de polarização PT-PSDB
no segundo turno, como ocorreu nas últimas eleições em São Paulo – e nas quais
foi vitorioso.
De repente, tudo começou a dar errado para o
tucano. A começar, pela surpreendente ascensão de Celso Russomano, com votos
aparentemente cristalizados. Em seguida, o apoio de Lula, Marta Suplicy e Dilma
Rousseff a Hadadd começaram a surtir efeito. E Serra, mais uma vez, mergulhou
de cabeça numa campanha negativa.
Até agora, ele já fez referências ao mensalão na
propaganda eleitoral e disparou, ontem, seu mais duro ataque não apenas ao PT,
como também à presidente Dilma Rousseff. Disse que ela não deveria “meter o
bico” em São Paulo, uma cidade que “mal conhece”. Haddad respondeu dizendo que,
em breve, Serra não poderá mais sair nas ruas, tamanha é a sua rejeição – ela
já bateu em 46%, o que o transforma numa espécie de “neoMaluf” em São Paulo.
Quando foi candidato à prefeitura de São Paulo
em 1996, Serra teve o apoio explícito de Fernando Henrique Cardoso, assim como
Celso Pitta do ex-prefeito Paulo Maluf. Faz parte do jogo político. Pitta
venceu a disputa sem dizer que FHC não deveria “meter o bico” em São Paulo.
Nos dias de hoje, Dilma Rousseff mantém boas
relações com o governador Geraldo Alckmin, com quem já assinou vários convênios
de cooperação financeira em diversas áreas, e com o prefeito Gilberto Kassab,
que pode vir a se tornar ministro – ou indicar alguém do PSD – após as eleições
municipais.
Num ato impensado, Serra conseguiu ser
indelicado, fora do tom e demonstrou, talvez, desespero com a possibilidade não
passar sequer para o segundo turno numa eleição que considerava ganha.
Fonte
– Brasil247
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