O
advogado Marcelo Leonardo, responsável pela defesa do empresário Marcos Valério
no processo do mensalão, negou neste sábado (15) que seu
cliente tenha dado as declarações que lhe foram atribuídas pela revista Veja.
Com a manchete “Os segredos de Valério”, a semanal estampou na capa da edição
que começou a circular hoje reportagem apurada, segundo a própria publicação,
com base em informações prestadas por pessoas próximas ao publicitário mineiro.
Dessa forma, a revista atribuiu a Marcos Valério
uma explosiva versão do mensalão, segundo a qual o ex-presidente Lula não
apenas sabia, mas era o chefe supremo do esquema de remuneração ilegal de
aliados políticos que ficou conhecido como mensalão.
Marcelo Leonardo, porém, refuta essa e as demais
acusações veiculadas pela revista. “Desde 2005 Marcos Valério não dá
entrevistas e não deu nenhuma entrevista para a revista Veja agora”,
afirmou. O advogado disse que conversou hoje com Valério e que ele negou as
declarações atribuídas a ele. O defensor disse não saber “de onde a Veja
tirou essas informações”. Líderes petistas não quiseram comentar a reportagem.
A assessoria de Lula disse que ele não fez comentários sobre a matéria.
Após a publicação da reportagem, integrantes da
oposição reagiram. O presidente nacional do DEM, senador José Agripino (RN),
disse em nota que o Brasil espera explicações: “O que eram suspeitas
colocam-se agora como objeto real de investigação pelas revelações atribuídas a
Marcos Valério, principal agente operador do mensalão. Se confirmadas as
revelações, fica evidenciado que o mensalão estava instalado no Palácio do
Planalto e no Palácio da Alvorada, símbolos maiores do poder da República. O
Brasil espera explicações”.
Para o candidato à prefeitura de São Paulo José
Serra (PSDB), Lula precisa dar satisfação à sociedade. Na manhã de hoje, após
ato de campanha no centro da capital paulista, ele disse que a reportagem “mostra
a necessidade de que tudo isso seja aprofundado”. “Lula já devia satisfações ao
país. Reconheceu que havia, depois que não havia [o mensalão]. O Supremo diz
que havia, já decidiu e está condenando. Seria oportuno se ele [Lula] se
manifestasse sobre isso”, afirmou o candidato tucano.
Tentativas de transformar Lula em réu
Edição de Veja começou a circular neste sábado
Em pelo menos sete oportunidades, a inclusão do
ex-presidente no rol dos acusados do mensalão não foi aceita tanto pelos
investigadores quanto pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). “O
Ministério Público é o titular da ação penal. Mesmo que quiséssemos, não
poderíamos arguir o procurador-geral da República a incluir um réu”, disse o
ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo.
A última tentativa de inclusão foi feita pelo
advogado Luiz Roberto Barbosa, que defende o ex-deputado Roberto Jefferson, por
meio de uma questão de ordem feita durante o julgamento do processo do
mensalão. Para o advogado, o ex-presidente não é “um pateta” para que, na
ocasião, não tivesse conhecimento sobre o que ocorria no governo. O advogado
cobrou do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, a inclusão de Lula na
denúncia. O pedido foi negado pelos ministros do STF.
No ano passado, o procurador da República Manuel Pastana disse
haver provas da responsabilidade do ex-presidente Lula no mensalão. Para ele,
as provas que incriminam Lula vêm do conjunto de atitudes do governo que
culminaram com o envio, em setembro de 2004, de mais de 10 milhões de cartas a
aposentados do INSS.
As cartas, com timbre da Presidência e assinadas
pelo próprio Lula e por Amir Lando, então ministro da Previdência, informavam
sobre a existência do sistema de crédito consignado administrado pelo BMG. Ele
fez um pedido formal a Gurgel para que Lula fosse colocado entre os réus. Para
o atual procurador-geral, não existia fato novo para justificar a inclusão do
ex-presidente na ação penal do mensalão.
Afirmações atribuídas a Valério
Faz sete anos que Marcos Valério saltou do
anonimato para as manchetes, na condição de principal operador do mensalão.
No julgamento ainda em curso no Supremo Tribunal
Federal (STF), Valério já foi condenado por corrupção ativa, lavagem de
dinheiro e peculato, e ainda será julgado por evasão de divisas e formação de
quadrilha. Segundo a própria reportagem de Veja, as punições por todos
esses crimes podem chegar a cem anos de prisão.
Eis as principais afirmações atribuídas a Marcos
Valério pela revista Veja:
“O PT me transformou em bandido”.
“Da SMP&B vão achar só os 55 milhões, mas o
caixa era muito maior. O caixa do PT foi de 350 milhões de reais, com dinheiro
de outras empresas que nada tinham a ver com a SMP&B nem com a DNA”.
“[José] Dirceu era o braço direito do Lula, um
braço que comandava”.
“Não podem condenar apenas os mequetrefes. Só
não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé não falamos”.
“O meu contato com o PT [após estourar o
mensalão] era o Paulo Okamoto”.
“O Delúbio dormia no Alvorada. Ele e a mulher
dele iam jogar baralho com Lula à noite”.
“Vão me matar [se eu contar tudo]. Tenho de
agradecer por estar vivo até hoje”.
Fonte
– UOL.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário