No Dia da Independência, em 1961, encerrava-se
mais um episódio crítico da história brasileira. O vice-presidente João
Goulart, trabalhista, herdeiro político de Getúlio Vargas, tomava posse, em 7
de setembro, na Presidência da República. Já haviam se passado 13 dias desde
que Jânio Quadros renunciara ao cargo, alegando estar sendo pressionado por
“forças terríveis”. A posse de Jango representava uma vitória parcial do
Movimento da Legalidade, iniciado no Rio Grande do Sul, na madrugada de 26 de
agosto, pelo governado Leonel Brizola, correligionário e cunhado do
vice-presidente, que voltava de uma viagem oficial à China, em busca de novos
mercados para o Brasil, a mando do presidente Jânio. João Goulart acabou
aceitando a implantação no Brasil do sistema parlamentarista. Segundo ele
revelou mais tarde, esta foi a forma que encontrou para evitar o derramamento
de sangue no país.
A posse representou também uma vitória parcial
dos ministros militares – Odílio Denys (Guerra), Sílvio Heck (Marinha) e
Gabriel Grun Moss (Aeronáutica) — que se recusavam a aceitar a posse do
vice-presidente e tinham mandado calar Brizola. A ordem era bombardear o
Palácio Piratini. A batalha dos ministros começou a ser perdida quando os
suboficiais da FAB se revoltaram e impediram os caças de levantar voo e o
comandante do III Exército, general Machado Lopes, se recusou a atender as
ordens de Denys, apoiando a Legalidade. A guerra, eles venceram três anos
depois, em 1964, ao depor João Goulart, a quem chamavam de comunista.
Há exatos 50 anos, os gaúchos foram os únicos a
realizar um desfile militar, em homenagem à Independência. Brizola e o general
Machado Lopes estiveram ali, lado a lado. Enquanto isso, em Brasília, na
cerimônia de posse no Senado, Jango discursava, afirmando que se inclinava mais
a unir do que dividir. Ele lembrou: “Subo ao poder ungido pela vontade popular,
que me elegeu duas vezes vice-presidente da República, e que, agora, em
impressionante manifestação de respeito pela legalidade e pela defesa das
liberdades públicas uniu-se, através de todas as suas forças, para impedir que
a sua decisão soberana fosse desrespeitada. Considero-me guardião dessa unidade
nacional e a mim cabe o dever de defendê-la, no patriótico objetivo de
defendê-la para a realização dos altos e gloriosos destinos da Pátria
Brasileira”.
Jango tomou posse sem ter a seu lado, a mulher, Maria
Tereza, e os filhos, João Vicente e Denise. Eles permaneciam na Europa, para
onde tinham ido para se encontrar com o vice-presidente, após a viagem ao
Oriente. Voltaram apenas depois da posse.
Assista parte do discurso de Jango no 7 de
setembro de 1961.
Fonte – leonelbrizolaneto.com.br
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