Ex-czar da economia
no período militar, professor Delfim diz que Lula fortaleceu as instituições e
promoveu grandes avanços sociais no País e afirma ainda que alguns veículos de
comunicação usam seu poder de forma abusiva
247 – O
ex-presidente Lula, acossado por adversários na política e nos meios de
comunicação com denúncias não provadas, como é o caso da entrevista sem fita e
sem áudio publicada por Veja, ganhou, nesta quarta-feira, um apoio de peso: o
do ex-ministro da Fazenda no regime militar, Antonio Delfim Netto. No seu
artigo intitulado “Lula”, no jornal Folha de S. Paulo, ele fala que o
ex-presidente fortaleceu as instituições democráticas no País e denuncia ainda
o uso abusivo que alguns veículos de comunicação fazem do seu poder, que seria
prejudicial à liberdade de opinião. Leia:
Lula
Delfim Netto
Desde a Constituição de 1988, as instituições
vêm se fortalecendo e o poder incumbente tem, com maior ou menor disposição,
obedecido aos objetivos nela implícitos: primeiro, a construção de uma
República onde todos, inclusive ele, são sujeitos à mesma lei sob o controle do
Supremo Tribunal Federal; segundo, a construção de uma sociedade democrática
com eleições livres e à prova de fraudes; terceiro, a construção de uma sociedade
em que a igualdade de oportunidades deve ser crescente, por meio de um acesso
universal e não oneroso de todo cidadão à educação e à saúde, independentemente
de sua origem, cor, credo ou renda.
Vivemos um momento em que se acirram as
legítimas disputas para estabelecer a distribuição do poder entre as várias
organizações partidárias e que é propício aos excessos verbais, às promessas
irresponsáveis e à agressão selvagem.
Afrouxam-se e liquefazem-se os compromissos com
a moralidade pública, revelados no universo da "mídia". Esta também,
legitimamente, assume o partido que melhor reflete sua "visão do
mundo".
A situação é, agora, mais crítica porque a
campanha eleitoral se processa ao mesmo tempo em que o Supremo Tribunal Federal
julga um intrincado processo que envolve o PT e, em breve, vai fazê-lo em
outro, da mesma natureza, que envolve o PSDB.
O que alguma mídia parece ignorar é que o uso
abusivo do seu poder é corrosivo e ameaçador à necessária e fundamental
liberdade de opinião assegurada no artigo 220 da Constituição, onde se afirma
que "a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação,
sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão qualquer restrição,
observado o disposto nesta Constituição".
Primeiro, porque o parágrafo 5º do mesmo
dispositivo previne que "os meios de comunicação social não podem, direta
ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio". E, segundo,
porque no art. 224 a Constituição fecha o ciclo: "Para os efeitos do
disposto nesse capítulo, o Congresso Nacional instituirá, como seu órgão
auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei". Dois
dispositivos suficientemente vagos que podem acabar criando problemas muito
delicados no futuro.
Um exemplo daquele abuso é a procura maliciosa
de alguns deles de, no calor da disputa eleitoral, tentar destruir, com
aleivosias genéricas, a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
ignorando o grande avanço social e econômico por ele produzido com a inserção
social, o fortalecimento das instituições, a redução das desigualdades e a
superação dos constrangimentos externos que sempre prejudicaram o nosso
desenvolvimento.
ANTONIO DELFIM NETTO escreve às quartas-feiras nesta coluna.
Fonte
– Brasil247
Nenhum comentário:
Postar um comentário