Foto: O Tempo/Folhapress
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A tese dos aliados do presidente é simples. O STF não
é a última instância. Acima dele, está o povo. E o ex-presidente Lula,
provocado pelo massacre e pela catarse midiática que haverá com as imagens do
“PT na cadeia”, poderá antecipar seu retorno efetivo às urnas, onde será, mais
uma vez, absolvido
247 – Foi
emblemática a declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, após a
reprimenda recebida da presidente Dilma Rousseff em virtude de seu artigo
“Herança pesada”. FHC afirmou que ela não deveria se sentir ofendida, porque
suas críticas não eram endereçadas a ela – mas ao “governo anterior”.
Regente da oposição, e de boa parte da opinião
publicada nos meios de comunicação, FHC é explícito: o inimigo se chama Luiz
Inácio Lula da Silva. No entanto, como essa mesma oposição não teve coragem de
provocar o impeachment do primeiro presidente popular da história do País em
2005, nem de tentar colocá-lo agora na cadeia, o que se tenta é gravar no
imaginário coletivo a ideia de que a “era Lula” terminou numa penitenciária.
Como disse José Serra em seu programa eleitoral, “o STF está mandando para a
cadeia um jeito maléfico, nefasto de fazer política”. E a catarse final virá
quando José Dirceu, “capitão do time” de Lula, vier a ser condenado e
eventualmente preso.
No Supremo Tribunal Federal, há um julgamento de
36 réus, mas, nos meios de comunicação, o que se vê é um justiçamento do PT. A
consequência imaginada pelos que traçaram o roteiro da novela era um impacto
imediato nos processos eleitorais de 2012. Imaginava-se, por exemplo, que o
apelo de Serra para que a população não vote num jeito “nefasto de fazer
política” traria benefícios aos opositores em disputas municipais importantes.
E que o julgamento também serviria para preparar o terreno para a oposição rumo
a 2014. O que vai se desenhando, no entanto, é outro cenário, com o
fortalecimento do PT inclusive em São Paulo, principal base tucana.
Isso demonstra que as consequências dos processos
políticos são mais complexas e devem ser buscadas além das aparências. O
justiçamento do PT, na prática, convida o ex-presidente Lula, animal político
acostumado à luta, a antecipar sua volta ao palco – talvez já em 2014.
A tese dos aliados do presidente é simples. O
Supremo Tribunal Federal não é a última instância. Acima dele, está o povo. E o
ex-presidente Lula, provocado pelo massacre e pela catarse midiática que haverá
com as imagens do “PT na cadeia”, deverá antecipar seu retorno efetivo às urnas,
onde será, mais uma vez, absolvido.
Desenha-se, no horizonte, um embate sangrento
entre os meios de comunicação tradicionais e o ex-presidente operário que
tentará provar que, apesar do STF, o povo continua com ele – e com o PT.
Fonte
– Brasil247
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