Foto: Edição/247 |
Dilma foi eleita como a continuidade do lulismo, mas
um novo discurso começou a se alastrar na imprensa. Diante da “herança maldita”
deixada por ele, ela fazia a “faxina”. A reação enérgica da presidente, ao
cancelar sua ida a evento da Abril e obrigar o ministro da Fazenda a
abandoná-lo de imediato, sinaliza que os laços entre Dilma e Lula se
fortaleceram - se é que já estiveram abalados
247 – Dilma
é Lula, Lula é Dilma. Ou, dito de outra maneira, o primeiro mandato de Dilma
significa o terceiro de Lula. Assim, com este discurso, Dilma Rousseff foi
eleita presidente da República, com a missão de dar continuidade a um projeto
político, que, nas eleições de 2010, era aprovado por 70% dos brasileiros e que
continua tendo apoio majoritário da sociedade – hoje, a proporção é ainda
maior.
No entanto, pouco a pouco, um novo discurso
começou a se alastrar. Com as denúncias contra ministros que fizeram parte do
governo Lula e foram “herdados” por Dilma, nasceu a tese da “faxina” na
Alvorada. Dilma limpava a sujeira que Lula havia deixado. E assim vários
ministros foram sendo derrubados, incluindo alguns, como Alfredo Nascimento,
cujas denúncias foram plantadas em Veja pelo bicheiro Carlos Cachoeira, para
defender interesses da empreiteira Delta.
Um terceiro episódio que fortaleceu a tese da
“herança maldita” foi a substituição de José Sergio Gabrielli por Graça Foster
na Petrobras, seguida da divulgação de vários investimentos malsucedidos na
estatal.
A tese se cristalizou de vez quando, há uma
semana, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ainda hoje a voz mais
articulada da oposição, publicou um artigo chamado “Herança pesada”, atacando
duramente o ex-presidente Lula, tanto no aspecto econômico, como moral.
Até então, Dilma não havia respondido. O
discurso da “herança maldita” a favorecia em relação a Lula. Mas ali, naquele
momento, pela primeira vez, ela saiu em defesa do antecessor e rebateu as
críticas feitas por Fernando Henrique Cardoso, a quem acusou de “ressentido”.
FHC, por sua vez, passou recibo da real intenção de seu artigo, ao dizer que o
alvo era Lula – e não ela.
Ao rebater o artigo do ex-presidente tucano,
Dilma deu seu primeiro sinal explícito de lealdade ao antecessor e de que
talvez, ao contrário do que se especula nos meios de comunicação, jamais tenha
havido um rompimento entre Lula e Dilma.
O outro movimento de solidariedade aconteceu na
última sexta-feira, quando, sem aviso prévio, ela cancelou a sua participação
no evento Maiores & Melhores, da revista Exame, que pertence à Editora
Abril. Dilma não apenas encerraria o evento como almoçaria ao lado de Roberto
Civita. Ela não foi e, mais do que isso, determinou que o ministro Guido
Mantega, ali presente, deixasse imediatamente o local.
Talvez não tenha sido um ato previamente
calculado pela Abril. Mas uma foto de Civita e Dilma na mesma edição de Veja em
que o presidente Lula é acusado numa “entrevista” em off por Marcos Valério de
chefiar o mensalão produziria efeitos certamente negativos na relação entre os
dois.
Se não alcançou os efeitos desejados, a capa de
Veja ao menos serviu para marcar o reencontro entre Lula e Dilma.
Fonte – Brasil247
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