Gravações
do Ministério Público revelam como funcionava caixa 2 para eleição de senadora
pelo RN; áudios comprometem a governadora do Estado, Rosalba Ciarlini, e o
senador José Agripino, presidente nacional do DEM;
Claudio Julio Tognolli _247 - Um obscuro blog do Rio Grande do Norte está
fazendo um barulhão: o jornalista Daniel Dantas divulgou, em seu blog homônimo,
um acervo de interceptações telefônicas legais, geradas em 2006, um ano
eleitoral – e que agora botaram em maus lençóis a atual governadora Rosalba
Ciarlini (DEM). Na época, ela era candidata ao Senado; e as gravações revelam a
maquinaria financeira de como se faz uma senadora. Ou não.
São 42 as interceptações
originárias de Galbi Saldanha. Ele aparece conversando com o marido da
governadora Rosalba Ciarlini, Carlos Augusto, com o senador José Agripino Maia
(DEM-RN) e com outros interlocutores, tratando de assuntos relacionados à
movimentação financeira da campanha de Rosalba para o Senado em 2006. Na
maioria das escutas, o "primeiro-damo" Carlos Augusto Rosado e o
então assessor Galbi Saldanha tratam das negociações financeiras pesadérrimas.
Na gravação, o senador José
Agripino Maia, presidente nacional do DEM, trata de pagamentos. O advogado
Felipe Cortez, que defende a governadora Rosalba Ciarlini, diz que tudo é
besteira: sustenta que a Procuradoria-Geral da República (PGR) promoveu o
arquivamento do processo que tratava dos vídeos em 2009 por falta de indícios
de crime. Na maioria deles, o "primeiro-damo" Carlos Augusto Rosado e
o então assessor Galbi Saldanha tratam das negociações.
As conversas já ganharam
repercussão nacional. Em seu blog, o jornalista Cláudio Humberto repercutiu
nota de José Agripino negando qualquer irregularidade. O conteúdo das conversas
chegou a ser encaminhado à Procuradoria Geral da República, que arquivou o
material por falta de substância. As conversas, contudo, expõem as articulações
de bastidores eleitorais.
- Galbi, é só para saber se
já tinha... se já deu a parcela dele... é... - começa o senador José Agripino
- Salatiel, isso - confirma
Agripino.
- Ok. Eu falei com ele
naquela mesma hora e tudo ok.
- Tá. Eu tava em Maceió,
mas minha satisfação era ser cumprido logo aquilo que eu prometi.
O trecho acima é reprodução
de uma conversar travada entre os interlocutores em 17 de setembro de 2006. No
mesmo dia, Galbi Saldanha e Salatiel de Souza diálogo sobre apoios eleitorais:
- Eu tô ligando pra você...
doutora Rosalba tem uma encomenda pra você. Aí essa encomenda vai ser venho pra
ela via PFL, você tá me entendendo né? - Diz Galbi.
- Certo. - confirma
Salatiel, ao que Galbi continua:
- Tarcisinho tá autorizado
de passar pra você essa encomenda. Como já veio pra ela, ela quer passar via
PFL pra você.
A negociação está
chancelada no TSE, que registra ter o comitê do então PFL transferido R$ 60 mil
para Salatiel de Sousa.
Em outro trecho, Carlos
Augusto comenta que vai transferir R$ 100 mil para a conta de campanha de
Betinho Rosado, mas o que dinheiro não pertecence a ele, mas que apenas passará
na conta dele. "Esse dinheiro é de Rosalba", destaca Carlos Augusto,
que continua: "Quando entrar, a gente vê como volta para Rosalba".
As interceptações ainda
flagram citações envolvendo montantes ao presidente da AL, Ricardo Motta e à
deputada Gesane Marinho, o presidente da Câmara de Vereadores, Edivan Martins,
e o ex-vereador Renado Dantas.
O Democratas emitiu, sobre
o assunto, a seguinte nota:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
SOBRE DOAÇÕES PARTIDÁRIAS DO PFL-RN EM 2006
O então PFL - RN fez nas
eleições de 2006 doações oficiais a todos os seus candidatos a deputado,
conforme atesta relação em anexo da prestação de contas já aprovada pelo
TRE-RN.
Dessas doações partidárias
fazem parte três parcelas de R$ 20 mil (comprovadas pela cópia de recibos
oficiais em anexo) repassadas ao então candidato a deputado estadual Salatiel
de Souza.
Atenciosamente
Atenciosamente
Ouça os grampos legais
As eleições de 2006, em seu
primeiro turno, ocorreram em 01 de outubro. A partir daí, o grupo da campanha
de Rosalba Ciarlini, liderado por Carlos Augusto Rosado, passa a se preocupar
como pagar os débitos de compromissos assumidos.
O arquivo a seguir traz
três interceptações diferentes, de ligações realizadas nos dias 09 e 10 de
outubro. Na primeira dessas ligações, Galbi Saldanha conversa com um homem,
identificado como Daniel, representante de Itamar Rocha. Daniel cobra uma
posição. O pagamento do esquema a Itamar seria feito por meio de um contrato,
que não tinha sido assinado. Como o contrato dizia respeito ao período
eleitoral, haveria um problema.
"Não sei a forma como
ele vai pagar, porque se era um contrato para pagar com cheque eu não posso
pagar mais porque a eleição já passou", diz Galbi na segunda ligação do
pacote, em conversa com uma mulher no escritório do PFL.
Na última ligação, Galbi
diz que Carlos Augusto orientou a rasgar o contrato. O atual
primeiro-cavalheiro reconhece a dívida, mas vai pagar apenas quando puder.
Outras dívidas são
relatadas. Para o fim do mês, por exemplo, segundo Galbi, já estavam previstos
pagamentos em torno de R$ 60 mil e ele não sabe como serão feitos os
pagamentos, com o fim da campanha.
Nas gravações aparecem
indícios relativos à compra de apoio e Caixa 2.
Obs. OS VIDEOS NÃO FORAM POSTADOS POR MOTIVO DE ESPAÇO. SÃO 3
Obs. OS VIDEOS NÃO FORAM POSTADOS POR MOTIVO DE ESPAÇO. SÃO 3
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