Uma
vergonha a resposta de Roberto Gurgel, procurador geral da República, à
desacreditada Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI).
O
procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Foto: Agência Brasil
Para
Gurgel, o “engavetamento de mais de dois anos foi uma estratégia”. Só não
pensou ter sido também uma estratégia para Cachoeira continuar a delinquir.
E
quem aproveitou a ilegal estratégia de Gurgel ? Com a palavra, o senador
Demóstenes Torres, Fernando Cavendish, responsável à época pela construtora
Delta e Carlinhos Cachoeira. Será que teriam coragem de dizer que foram
prejudicados pelo engavetamento ?
Por
evidente, a sociedade civil e a legalidade foram as principais vítimas do
engavetamento.
Volto
a afirmar, pela lei processual penal, Gurgel tinha o prazo de 15 dias para se
manifestar. Levou dois anos.
Mais
ainda, como descobriu Gurgel que outro inquérito (Monte Carlo) seria aberto? E
foi aberto por requisição de dois promotores estaduais (nada a ver com o
Ministério Público Federal) e em face de ilegalidade decorrentes de exploração
de jogos eletrônicos ilegais. E o inquérito (Monte Carlo) foi instaurado
anos depois da conclusão do inquérito da Operação Vegas. Pelo jeito, Gurgel tem
bola de cristal.
Na
resposta apresentada à CPI, o procurador-geral da República nada diz a respeito
das trapalhadas feitas pela sua mulher quando entrou em cena como biombo para
não atingir Gurgel. Para quem não sabe, ele era muito conhecido no Ministério
Público Federal, pois fazia política associativa, interna. Não é, portanto, um
diletante na arte de acordos políticos.
Só
para lembrar, a subprocuradora sustentou, e foi desmentida pela direção da
Polícia Federal, que houve pedido para “segurar” os autos. Ora, se fosse para
ganhar tempo, o delegado pediria a volta dos autos para completar diligências.
E ele não fez isso. Ao contrário, deu o inquérito por concluído.
Para
usar uma expressão popular, não “cola a história” contada por Gurgel à CPI. E o
delegado responsável pelo inquérito não iria concluí-lo para depois pedir ao
procurador Gurgel, por meio de sua mulher, sentar em cima dos autos.
Abaixo,
a notícia publicado, hoje, no Valor Econômico, por Maíra Magro, Yvna Sousa e
Bruno Peres:
“O
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, enviou ontem, no limite do
prazo, seu depoimento escrito à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do
Cachoeira, com respostas às perguntas feitas por parlamentares. O documento, de
sete páginas, repete o argumento de que a decisão de segurar o inquérito da
Operação Vegas, em 2009, fez parte de uma estratégia do Ministério Público
Federal para permitir novas investigações. Mas não entra na guerra de versões
entre a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre quem
teria solicitado a paralisação do inquérito”
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