30 de maio de 2012

Gilmar surta: diz que até Jobim faria parte de um complô para 'constrangê-lo'


 Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o ministro do STF Gilmar Mendes, virou sua metralhadora giratória até para Nélson Jobim, fazendo ilações de que Jobim também faria parte de um complô contra ele (Gilmar chama esse pseudo-complô de suposta tentativa de 'constrangê-lo' recorrendo a surrada palavra mágica 'mensalão', usada por todos que se veem cobrados a dar explicações a respeito de Carlinhos Cachoeira).
Segundo o relato de Gilmar, Lula o teria perguntado se o famoso grampo sem áudio, não seria obra da parceria Veja-Cachoeira, em conluio com Demóstenes. Gilmar disse não saber e acreditar que não.
Todos se lembram que tal grampo foi o estopim para Paulo Lacerda ser afastado da ABIN, inclusive com Jobim apoiando o afastamento. O grampo sem áudio está mal explicado até hoje, e o próprio Gilmar, se fora vítima como afirmava, deveria ser parte interessada em saber se não fora alvo de uma armação do esquema de arapongagem de Cachoeira, já que as investigações da PF não conseguiram encontrar nada.

Talvez, pelo assunto abordar o episódio que afastou o ex-diretor da ABIN, Jobim tenha perguntado a Lula, se sabia como estava Lacerda. (Em outras entrevistas Gilmar disse que Lula respondeu apenas saber que estava por aí, voltando de Portugal, demonstrando até pouca intimidade com Lacerda, uma vez que este informou em entrevista ao Estadão, que retornou ao Brasil há um ano e três meses).
A partir daí, Gilmar, na entrevista ao Valor, infere que poderia ser uma estratégia de Jobim e Lula para constrangê-lo com Paulo Lacerda.
Será que Freud explica esses fantasmas que povoam a cabeça de Gilmar? E essa obsessão por Paulo Lacerda?
Detalhe: É totalmente despropositada as ilações de Gilmar pela sua própria narrativa. Ele foi ao encontro para uma conversa informal, senão teria sugerido encontrar-se com Lula em seu gabinete no STF. Ora, quem viveu episódios do poder como Lula, Jobim e o próprio Gilmar, não é natural que parte das conversas girassem em torno de tais episódios? Sobretudo o do grampo que ficou mal explicado, e Gilmar poderia acrescentar alguma impressão nova, a partir dos fatos novos que mostraram as relações de Demóstenes com os arapongas Dadá, Jairo Martins e Cachoeira?
Então por que sentir-se constrangido?
Eis o trecho da entrevista ao jornal Valor:

Valor: Haveria uma tentativa de retaliação por parte do ex-diretor da PF Paulo Lacerda, demitido depois que o senhor denunciou grampos em seu gabinete?


Mendes: Não tenho a menor ideia. Lá atrás, um jornalista me disse que setores estavam dizendo que o Paulo Lacerda teria um acerto de contas comigo. Nessa mesma conversa agora, o Lula me perguntou se eu não achava que o grampo tinha sido objeto de alguma articulação, se não era coisa do Cachoeira, do Demóstenes, ou da "Veja". Eu disse: presidente, não posso saber, acredito que não.

Valor: O nome do Paulo Lacerda foi mencionado na conversa?

Mendes: Nessa conversa, Jobim perguntou: e Paulo Lacerda? Agora, as coisas passam a ter sentido.

Valor: Seria uma demonstração de que se tratava de chantagem?

Mendes: Pode ser. Interpretem como quiser.

Valor: Ou seja, que o próprio Jobim participou de uma tentativa de chantagem?

Mendes: Era uma conversa absolutamente normal, nós repassamos vários assuntos. Nós falamos sobre o Supremo, recomposição do Supremo, PEC da Bengala, a má articulação hoje entre o Judiciário e o Executivo. O Jobim participou da conversa inteira. Nesse contexto, cai uma ficha.

Valor: Que ficha caiu, de que seria uma estratégia?

Mendes: Isso é possível, vamos constrangê-lo com Paulo Lacerda. Não sei se é isso.

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