Ex-presidente
teria se encontrado com Gilmar Mendes no escritório do ex-ministro da Defesa,
segundo 'Veja'
O ex-ministro da Defesa Nelson Jobim negou hoje
que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenha pressionado o ministro
Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a adiar o julgamento do
mensalão, usando como moeda de troca a CPI do Cachoeira.
Reportagem da revista Veja publicada
neste sábado relata um encontro de Lula com Gilmar no escritório de advocacia
de Jobim, em Brasília, no qual o ex-presidente teria dito que o julgamento em
2012 é "inconveniente" e oferecido ao ministro proteção na CPI, de
maioria governista. Gilmar tem relações estreitas com o senador Demóstenes
Torres (sem partido, GO), acusado de envolvimento com a quadrilha do bicheiro
Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
"O quê? De forma nenhuma, não se falou nada
disso", reagiu Jobim, questionado pelo Estado. "O Lula fez uma
visita para mim, o Gilmar estava lá. Não houve conversa sobre o mensalão",
reiterou.
Segundo a revista, Gilmar confirmou o teor dos
diálogos e se disse "perplexo" com as "insinuações" do
ex-presidente. Lula teria perguntado a ele sobre uma viagem a Berlim, aludindo
a boatos sobre um encontro do ministro do STF com Demóstenes da capital alemã,
supostamente pago por Cachoeira.
Ele teria manifestado preocupação com o ministro
Ricardo Lewandowski, que deve encerrar o voto revisor do mensalão em junho; e
adiantado que acionaria o presidente da Comissão de Ética Pública da
Presidência, Sepúlveda Pertence, ligado à ministra do STF Carmen Lúcia, para
que ala apoiasse a estratégia de adiar o julgamento para 2013.
Jobim disse, sem entrar em detalhes, que na
conversa foram tratadas apenas questões "genéricas",
"institucionais". E que em nenhum momento Gilmar e o ex-presidente
estiveram sozinhos ou falaram na cozinha do escritório, como relatou Veja. "Tomamos
um café na minha sala. O tempo todo foi dentro da minha sala, o Lula saiu
antes, durante todo o tempo nós ficamos juntos", assegurou.
Questionado se o ministro do STF mentiu sobre a
conversa, Jobim respondeu: "Não poderia emitir juízo sobre o que o Gilmar
fez ou deixou de fazer".
Procurado pelo Estado, Pertence negou ter
sido acionado para que intercedesse junto a Carmen Lúcia: "Não fui
procurado e não creio que o ex-presidente Lula pretendesse falar alguma coisa
comigo a esse respeito".
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