Em texto publicado em
seu blog, ex-ministro e réu no processo do "mensalão" faz críticas
duras ao PSDB, "campeão de fichas-sujas", e acusa a direita e os
conservadores, "com a mídia à frente", de terem feito de tudo para
que o julgamento da Ação Penal 470 se desse no período de eleições; sobre o
ex-presidente tucano, cobra menção ao "mensalão de Minas", sobre o
qual ele "não diz uma palavra", acusa Dirceu
247 -
Às vésperas de ter seu destino decidido pelo Supremo Tribunal Federal (STF),
que julga o caso conhecido como "mensalão", o ex-ministro da Casa
Civil, José Dirceu, faz duras críticas ao ex-presidente da República Fernando
Henrique Cardoso, a quem diz dar "alvísssaras ao julgamento da AP
470", e ao PSDB. O texto foi publicado em seu blog nesta segunda-feira 8.
Para Dirceu, o julgamento da Ação Penal 470 foi
calculada para que acontecesse durante as eleições, num esforço conjunto entre
"a direita, os conservadores - com a mídia à frente". No texto, ele
acusa FHC de não mencionar, eu seus artigos publicados quinzenalmente em
grandes jornais, o "mensalão de Minas" e os "mais de 40
escândalos não apurados no governo dele". O ex-ministro também acusa o
PSDB de ser um "partido campeão de ficha-sujas".
Elitismo transparente no artigo de FHC
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a
principal liderança nacional sem mandato na oposição, continua ativíssimo, o
que é ótimo, na sustentação do grande debate político nacional. Além de
entrevistas, palestras, seminários etc., quase diários, ele ressurge a cada 15
dias com seu artigo nos grandes jornalões, O Globo e O Estado de S.Paulo.
É o caso deste fim de semana em que ele fala que
o Brasil montou o arcabouço, já tem as instituições democráticas, mas falta
espírito e exercício de cidadania democrática por parte da população. O
ex-presidente FHC dá alvíssaras ao julgamento da AP 470 em andamento no Supremo
Tribunal Federal (STF), mesmo reconhecendo que esse julgamento "quase
parou o país em pleno período eleitoral."
Até parece que a direita, os conservadores - com
a mídia à frente -, não fizeram de tudo e não pressionaram para que o
julgamento se desse na data e forma como ocorre até agora para chegar até o dia
da eleição. "A condenação clara e indignada (pelos ministros da Corte) do
mau uso da máquina pública revigora a crença na democracia", diz em certo
trecho o ex-chefe do Estado brasileiro.
E a compra de votos para a reeleição?
Já sobre o fato de a compra de votos para a
reeleição (mudança da qual ele foi o primeiro beneficiário) não ter sido
apurada, de o "engavetador" Geral da República do tempo dele não ter
aberto processo e nem feito a denúncia, e dos parlamentares que venderam o voto
terem renunciado ao mandato para não serem investigados pelo Congresso etc.,
ele não diz uma palavra.
Tampouco fala da não apuração do
"mensalão" de Minas (do deputado Eduardo Azeredo - PSDB-MG), parada
há anos. Nem dos mais de 40 escândalos não apurados no governo dele. Mas o que
FHC queria mesmo neste seu artigo quinzenal está no final do texto: propor uma
aliança PSDB-PSB em 2014.
"Faz falta agora, mirando 2014, que os
partidos que poderão eventualmente se beneficiar do sentimento contrário ao
oportunismo corruptor prevalecente, especialmente PSDB e PSB, se disponham,
cada um a seu modo ou se aliando, a sacudir a poeira que até agora embaçou o
olhar de segmentos importantes da população brasileira", diz FHC ao
defender a aliança PSDB-PSB para as eleições nacionais daqui a dois anos.
Não acredito nessa aliança PSDB-PSB para 2014
Sucesso para o ex-presidente em suas empreitadas
em torno da formação desde já de uma aliança nacional PSB-PSDB - o que
duvidamos. Mas, se vingar e acontecer, não será a primeira vez que o PT
enfrenta uma eleição sem o PSB e outros aliados.
Só para ficar em um exemplo, o presidente Lula
foi eleito em 2002 disputando com o tucano José Serra (que era apoiado pelo
PMDB), com o ex-ministro Ciro Gomes, da coligação PPS-PTB-PDT e com o
ex-governador do Rio, Anthony Garotinho, então do PSB.
Agora, o artigo de FHC deste fim de semana é de
um elitismo e de uma hipocrisia lamentáveis. No fundo, em seu texto o
ex-presidente termina dizendo que, como sempre, o povo não sabe o que faz. Que
seu governo não foi acusado de corrupção e uso dessa máquina. E que o PSDB não
usa a máquina pública. Isto tudo com seu partido campeão de ficha-sujas
impugnados nesta eleição pela Justiça Eleitoral...
Fonte
– Brasil247
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