A oportunidade única de assistir ao primeiro
filme do mestre do suspense, Alfred Hitchcock, acompanhado por uma orquestra
sinfônica em plena praia de Copacabana atraiu milhares de pessoas na noite
desta quinta-feira.
A primeira obra de um ícone do cinema, "The
Pleasure Garden", de 1926, foi uma das atrações do circuito mais
democrático da edição de 2012 do Festival do Rio. Cerca de 4.000 pessoas não perderam
a chance de vivenciar um grande momento sem precisar enfrentar longas filas ou
ingressos caros, e tendo ao fundo o belo cenário de uma das praias mais famosas
do mundo.
"A gente trouxe algumas cangas, um vinho,
reuniu os amigos e viemos assistir a um clássico do cinema na praia de
Copacabana. É uma experiência incrível. Foi como um resgate da origem do
cinema, em que todo mundo riu, se divertiu, comentou, vibrou... Foi um cinema
interativo mesmo", afirmou a cineasta Amanda Castro, de 23 anos.
Ao som da Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem,
regida pelo maestro britânico Christopher Austin, os espectadores acompanharam
o longa restaurado pelo British Film Institute (BFI). A edição -exibida
anteriormente apenas nos Jogos Olímpicos de Londres- faz parte de uma parceria
com o British Council e teve sua nova trilha sonora escrita pelo compositor
Daniel Patrick Cohen.
No melhor estilo carioca, os cinéfilos trouxeram
suas cadeiras de praia e trocaram o sol pela luz da telona e das estrelas.
Jovens, adultos e até mesmo algumas crianças se envolveram com o thriller,
reagindo a cada guinada da trama. Até o vendedor de bebidas, repreendido após
romper o silêncio com gritos de 'Cerveja, água, água de coco', pareceu ter sido
levado pela história.
Segundo a diretora-executiva do festival, Ilda
Santiago, o sucesso do Cinema da Praia, iniciativa que não era realizada há
quatro anos, foi uma grande surpresa.
"Não esperávamos que fosse tão bem recebido.
Isto é uma prova de que o público quer este tipo de ação na cidade, que já tem
uma vocação cultural. O 'Cinema da Praia' sempre foi ‘a menina dos olhos’ do
festival e achamos o lugar ideal, porque a praia de Copacabana tem a cara do
Rio", explicou.
O filme, mudo e em preto e branco, foi restaurado
a partir de uma busca por cinematecas de todo o mundo. Os amantes da sétima
arte puderam ver o saldo de uma pesquisa que resultou da combinação de seis
cópias e as palmas de pé ao fim da sessão foram o grande sinal de aprovação.
"Foi o primeiro filme mudo que vi e foi impressionante.
A orquestra era comovente. Em certos momentos, eu nem sabia se olhava para o
filme ou para o palco", contou Raquel Morgado, uma estudante de 22 anos
que chegou às 16h00, quatro horas antes do início da exibição, para pegar o
melhor lugar.
Rafaela Peixoto, outra estudante, de 24 anos,
disse que foi uma sensação inexplicável.
"O filme era antigo, mas às vezes eu tinha a
impressão de que era 3D. A imagem, o som da orquestra e a interação com o
pessoal faziam com que a gente vibrasse tanto que eu me sentia dentro da
história. E por mais que não pareça, foi muito confortável ver um filme à beira
mar", declarou.
A parceria com o British Council, em um projeto
chamado Transform, tem como objetivo o intercâmbio cultural entre o Brasil e o
Reino Unido e será realizado até 2016, ano das Olimpíadas do Rio, mostrando que
a passagem da tocha olímpica não é apenas esportiva, mas também artística.
"Queremos mostrar que receber um evento
deste porte traduz um momento único para a cidade. Queremos que esse seja
apenas o início de uma série de iniciativas que aproveitem o potencial cultural
do Rio e explorem esse desafio", concluiu Ilda Santiago.
Fonte –
Cinema.com.br
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