O mesmo PT que é
condenado à prisão no julgamento da Ação Penal 470 está cada vez mais perto de
comandar a prefeitura de São Paulo. Há nisso um paradoxo ou o julgamento das
urnas leva em conta outros fatores?
247 -
No fim de agosto, João Paulo Cunha foi o primeiro quadro relevante do PT
condenado na Ação Penal 470. No mesmo dia, Fernando Haddad se tornou uma
alternativa real de poder, em São Paulo, começando a despontar nas pesquisas.
Naquele momento, a análise do 247 era clara: o partido que era condenado à
prisão estava, na verdade, cada vez mais próximo da prefeitura de São Paulo.
Nesta quarta, decidiu-se o placar final pela condenação de Delúbio Soares (10 a
0), José Genoino (9 a 1) e José Dirceu (8 a 2). No mesmo dia, Fernando Haddad
abriu dez pontos de vantagem sobre José Serra, o político que comanda a máquina
política -- e de comunicação -- que criminaliza o PT. Há nisso um paradoxo ou
José Genoino tem razão ao dizer que, no julgamento popular, o partido é e será
vitorioso?
Leia, abaixo, análise do 247 no momento da
condenação de João Paulo:
A caminho da prisão ou da prefeitura de São
Paulo?
No mesmo dia em que um político do PT foi
condenado na Ação Penal 470, Fernando Haddad se tornou uma alternativa real de
poder em São Paulo; José Serra, o único candidato que até agora introduziu o
tema "mensalão" na campanha, é hoje um dos políticos com maior índice
de rejeição no País
31 DE AGOSTO DE 2012 ÀS 07:09
Leonardo Attuch _247 – O que foi a última
quarta-feira para o Partido dos Trabalhadores? Um dia trágico, em que um de
seus quadros foi condenado na Ação Penal 470, ou o dia em que seu projeto de
poder se fortaleceu?
De acordo com os principais jornais e colunistas
do País, não são apenas os réus do mensalão que estão sendo julgados. O mesmo
ocorre com o PT, com seu projeto de poder e, no limite, com o legado da era
Lula – que, segundo dizem, ficará manchado para sempre com a marca da
corrupção. Eliane Cantanhêde, por exemplo, diz observar com tristeza o
"partido da ética" espreitar a cadeia.
A quarta-feira, no entanto, foi também o dia em
que Fernando Haddad, candidato petista à prefeitura de São Paulo, se
transformou, efetivamente, numa alternativa real de poder em São Paulo. Em
apenas uma semana, José Serra caiu cinco pontos (de 27% a 22%) e Haddad subiu
seis (de 8% a 14%). Os dois, antes tidos como favoritos, hoje disputam quem
será o adversário de Celso Russomano no segundo turno.
Curiosamente, Serra foi o único candidato, em
todo o Brasil, a explorar o tema mensalão na sua campanha. Num discurso, disse
que, ao contrário dos adversários, não está tendo que prestar contas no Supremo
Tribunal Federal. Depois, ao comentar uma ideia de Haddad que traz benefícios
concretos à população, o bilhete único mensal nos ônibus e metrôs, Serra disse
se tratar de ideia de mensaleiro, quando poderia ter sugerido algo melhor.
Não por acaso, o candidato tucano à prefeitura
de São Paulo, com sua agenda negativa na política, é hoje um dos políticos mais
rejeitados do Brasil. Nada menos que 43% dos paulistanos dizem que não votariam
em Serra em hipótese alguma. O que, num eventual segundo turno contra
Russomano, torna o candidato do PRB favorito.
O mesmo não se pode dizer de Haddad. Sua taxa de
rejeição é baixa, o que amplia suas chances de êxito num eventual confronto
contra Russomano, que tem fragilidades ainda não exploradas. Nesse contexto,
uma vitória do PT na cidade de São Paulo pode ser também decisiva para encerrar
um ciclo de vinte anos de poder dos tucanos no governo estadual em 2014 – ano
em que, pelo andar da carruagem, Dilma será reeleita por aclamação ou cederá a
vez ao ex-presidente Lula.
Pela leitura dos jornais, conclui-se que o PT é
um partido a caminho da prisão. Mas o fato é que seu projeto de poder está se
fortalecendo.
Fonte
– Brasil247
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