Desde que o mundo é
mundo, a política no Brasil envolve a cooptação de aliados e o STF avaliou que
o PT, ao agir desta maneira, comprou votos no Congresso. Pergunta número 1: as
votações devem valer? Pergunta número 2: nos governos anteriores e nos
estaduais e municipais, os partidos aliados, que são sempre os mesmos, não eram
cooptados?
247 – O
PT comprou apoio político. Esta é a manchete da Folha de S. Paulo, do Globo e
do Estado de S. Paulo. Uma verdade transitada em julgado, pela decisão soberana
do Supremo Tribunal Federal. Como disse o ministro Celso de Mello, os
“marginais do poder” “formaram uma quadrilha” e seu voto vem sendo considerado
histórico pela oposição. Decano do STF, Celso de Mello, comparou o parlamentar
que vende seu voto ao juiz que negocia uma sentença. Este seria o “ato de
ofício”.
Esta análise, no entanto, cria um problema.
Quando se descobre que uma sentença foi vendida, ela é anulada, porque a
justiça e a injustiça não são bens negociáveis. O mesmo não deveria acontecer
com votações aprovadas no primeiro governo Lula, como a reforma da previdência,
ocorrida naquele momento conturbado?
O outro ponto diz respeito à própria natureza da
política. No Brasil, desde que o mundo é mundo, formar uma base de sustentação
política, significa cooptar aliados, seja com recursos financeiros, seja com a
distribuição de cargos. O grande paradoxo disso tudo é um só. Os mesmos
partidos que se venderam ao PT, como PTB, PR e PMDB, serviram e ainda servem a
outros governos até da oposição. Fazem isso por princípio, por afinidade
ideológica ou simplesmente tratam a política como um comércio?
Tome-se o caso do governo Fernarndo Henrique
Cardoso. Renan Calheiros, tido como um dos mais fisiológicos líderes do PMDB,
foi ministro da Justiça. O atual vice-presidente, Michel Temer, teve influência
direta no setor portuário. Partidos nanicos também formaram parte da base de
sustentação de FHC. E reformas muito mais difíceis de negociar no Congresso,
como a Lei do Petróleo e a própria emenda da reeleição (na qual houve
efetivamente denúncia de compra de votos), foram aprovadas no Congresso.
Será que os PTBs, PRs, PPs e PMDBs só começaram
a se vender depois que o PT chegou ao poder? Será que não continuam se vendendo
em governos estaduais e municipais? Ou será que apenas um partido político
composto por “marginais do poder” será criminalizado no País?
Fonte
– Brasil247
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