Declaração de que o
julgamento foi um "ponto fora da curva" foi destacada pela Folha,
pelo Estadão e pelo Globo com certa dose de apreensão; colunista Merval
Pereira, que dirigiu a primeira parte do espetáculo, em clara sintonia com
alguns ministros da corte, afirma que a sabatina ainda não lhe deu motivos para
rever o "juízo positivo" que tem sobre ele; sinalização do novo
ministro, de que não aceitará pressões nem do governo nem da suposta opinião
pública, traz incerteza ao segundo tempo do jogo
247 - Para onde vai Luís Roberto
Barroso? Que rumo tomará no segundo tempo da Ação Penal 470, que terá início
com a análise dos embargos apresentados pelos réus? Essa é a grande dúvida que
se instala nos meios jurídicos, depois da sabatina de ontem, em que foi
aprovado pelo plenário do Senado Federal, com larga maioria de votos.
Na sabatina, Barroso deixou claro
que participará do julgamento da chamado "mensalão" e fez declarações
que trazem certa apreensão aos algozes dos réus – em especial jornais como Globo,
Folha e Estadão, que tiveram atuação decisiva no processo, colocando pressão e
influenciando posições de ministros.
A mais emblemática de todas foi a de
que o julgamento foi um "ponto fora da curva" na história do Supremo
Tribunal Federal. "O Supremo teve uma posição mais dura em matéria penal
no mensalão. Em outros casos, o tribunal foi mais libertário e
garantista", explicou Barroso.
No Globo, escalou-se o professor
Ivan Hartman, da Fundação Getúlio Vargas, para se contrapor aos pontos
levantados pelo novo ministro do STF. Sobre o ponto fora da curva, ele
demonstrou preocupação. "Afinal, inovou ou não inovou? Mudou ou não mudou?
Quando? Onde? Com que gravidade? Como Barroso resolverá essa
contradição?", indagou.
Na Folha, a análise de Marcelo
Coelho comparou a sabatina a um piquenique "ensolarado e doce".
"Tinham de questioná-lo, por exemplo, sobre os temas do mensalão. Admitirá
os recursos apresentados pelos réus?", indaga o jornalista. Em outra
matéria, o jornal também destaca outra frase do minstro: a de que não aceitará
pressões da chamada opinião pública – o que mereceu elogios do colunista Janio
de Freitas, um dos críticos do julgamento. "Barroso indica um reforço dos
que se aplicam em preservar a coerência pessoal e a isenção do STF", disse
ele.
A análise mais emblemática, no
entanto, é a do jornalista Merval Pereira, colunista do Globo, que ajudou a
dirigir a primeira fase do espetáculo, influenciando e pressionando ministros
da suprema corte. "A atuação do advogado Luís Roberto Barroso na sabatina
do Senado que precede sua posse no Supremo Tribunal Federal não me deu motivos
para rever o juízo positivo que tenho sobre ele", disse Merval. Segundo o
colunista, os posicionamentos de Barroso estarão ancorados em teses jurídicas –
e não políticas. Mas ele lembra que, agora, Barroso poderá conhecer os autos e
ouvir os demais colegas da corte, já sinalizando que, para que o juízo positivo
se mantenha, o novo ministro deverá aderir à corrente majoritária da corte, na
primeira fase do processo.
Fonte – Brasil247
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