Advogado crítico do
ativismo do Judiciário, Luís Roberto Barroso enfrenta nesta quarta-feira
sabatina no Senado sobre sua indicação ao STF; ao mesmo tempo, plenário do
Supremo julga decisão do ministro Gilmar Mendes que barrou tramitação no
Congresso de projeto que inibe criação de partidos; previsão é de aprovação de
Barroso e derrubada da liminar de Gilmar, numa superquarta que muda o jogo de
poder para 2014 e dentro da mais alta corte do País
247 –
Os dados que podem mudar a atual correlação de forças na sucessão presidencial
de 2014 e dentro da mais alta corte do País vão rolar em duas pistas nesta
quarta-feira, em Brasília. No Senado, o advogado Luís Roberto Barroso, indicado
para o STF pela presidente Dilma Rousseff, será sabatinado. Caso seja aprovado,
como se espera, em breve vestirá a toga de ministro do Supremo.
No plenário do próprio STF, por outro lado,
entra na pauta a votação da liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes, em
24 de abril, que barrou a tramitação no Congresso de um projeto de lei com
novas regras para a criação de partidos políticos. Considerada uma peça
exemplar do que é chamado de “ativismo judicial”, a decisão sobre a liminar vai
esclarecer, em definitivo, a posição do Supremo sobre esta doutrina.
As apostas favoritas indicam que o ministro
Gilmar estará em minoria, e sua liminar irá cair. Caso o Congresso retome o
direito de votar o projeto do deputado Edinho Araújo, todas as previsões
apontam para a sua aprovação em plenário, o que, em tese, amplia as chances de
reeleição da presidente Dilma Rousseff, pela retirada de espaço entre seus
adversários, e fragiliza a oposição. Partidos em formação como o Rede
Sustentabilidade, de Marina Silva, e o Mobilização Democrática, de Roberto
Freire, terão muitos dificuldades para serem efetivamente formados.
Com a entrada de Barroso e a suspensão da
liminar de Gilmar, o Supremo terá dois pólos muito nítidos de prática jurídica.
O novo juiz e o ex-presidente do tribunal são antagônicos em suas visões sobre
qual é o papel do STF na sociedade.
Enquanto Barroso diz que “ninguém deve achar que
o Judiciário vai ser o instrumento ideal de realização do governo das
maiorias", Gilmar recebe políticos em seu gabinete e decide sobre o que o
Congresso pode ou não votar. Para ele, assuntos internos e divergências
naturais no Poder Legislativo podem ser resolvidos numa canetada de sabedoria.
- Por ora, o necessário a consignar é que, mesmo
alternando momentos de maior e menor ativismo judicial, o Supremo Tribunal
Federal, ao longo de sua história, tem entendido que a discricionariedade das
medidas políticas não impede o seu controle judicial, desde que haja violação a
direitos assegurados pela Constituição, escreveu o veterano ministro na liminar
concedida a pedido do senador Rodrigo Rollemberg.
Para Barroso, sempre numa ótica oposta a de
Gilmar, o STF só deve se manifestar frente a atos do Congresso em casos de
“flagrante” desrespeito à Constituição. Ele já disse disse que decisão política
é para ser tomada por "quem tem voto". Esse é o caso dos
parlamentares, e não dos juízes.
O embate entre ambos promete ser de fundo.
Estará em jogo nessa divergência uma doutrina para o Supremo, que nos últimos
tempos, especialmente sob a presidência de Joaquim Barbosa, procura se tornar
protagonista na boca da cena política. Não foi por menos que, em razão da
liminar de Gilmar, os presidentes da Câmara e do Senado foram duas vezes à casa
do ministro para tentar controlar seu ativismo. Não deu certo. Gilmar remeteu o
caso para o procurador-geral Roberto Gurgel, que deu-lhe apoio incondicional. A
partir de agora, no entanto, com mais um juiz com capacidade para somar forças
numa corrente já formada pelos ministros Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandowski
e Teori Zavaski, a correlação interna da corte de onze magistrados tem tudo
para mudar. O começo é essa superquarta 5.
Fonte – Brasil247
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