Por
Paulo Nogueira*
Os internautas não vão com a cara dele |
Nazismo na militância do PT na internet?
Serra cometeu um exagero. O que existe,
essencialmente, é uma antipatia dos internautas por Serra. Não especificamente
por ele, mas por tudo o que represente o sistema, o estabelecimento, a ordem
tradicional.
Serra se enquadra aí.
O internauta é apenas um pedaço da sociedade. Mas
o que lhe falta em quantidade sobra em ‘qualidade’. Ele é a vanguarda: está
duas curvas adiante da manada. Você pode ver hoje, pelo internauta, o que a
média dos brasileiros vai pensar e vai fazer amanhã. Ele antecipa as
tendências. É o clássico formador de opinião.
Muitas vezes ele dá sustos. A Globo
provavelmente foi surpreendida pelo vigor de uma campanha no twitter contra
Galvão Bueno na Copa de 2010. É difícil imaginar que em qualquer pesquisa da
Globo houvesse sido registrada uma aversão tamanha a Galvão – até porque, se a
empresa tivesse ciência disso, ele não teria sido escalado para narrar a Copa.
A maior parte dos telespectadores gostava, ou
gosta, de Galvão. Mas aquela fração do twitter era e é a parte mais exigente e
influente entre os telespectadores. A minoria do twitter que mandou Galvão
calar a boca fatalmente se transformará em maioria.
O internauta desconfia do que não pertence
à internet. No universo da mídia, isso torna especialmente complicada a
travessia das grandes empresas rumo ao futuro digital. O internauta desconfia
delas. Prefere o Wikileaks, ou o Huffington Post. Acredita mais neles do
que no conteúdo das grandes corporações, nas quais enxerga “interesses
inconfessáveis”, ou coisa que o valha.
Não é a militância petista na internet que não
gosta de Serra. É o internauta. Isso não quer dizer muito em termos eleitorais.
A eleição para prefeito de São Paulo não vai ser decidida na internet. Mas a
mensagem é clara: a parcela mais ativa, mais informada e mais conectada da
sociedade – os internautas – não vai com a cara de Serra.
Fonte
diariodocentrodomundo.com.br
* About the author:
Paulo Nogueira é jornalista e está vivendo em Londres.
Foi editor assistente da Veja, editor da Veja São Paulo, diretor de redação da
Exame, diretor superintendente de uma unidade de negócios da Editora Abril e
diretor editorial da Editora Globo.
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