O Diário Oficial do Estado de
São Paulo desta quarta-feira 11 traz a manchete “mais ciclistas, mais
acidentes”. Dentro da reportagem, um especialista sugere: “para não colocar a
vida de quem pedala em risco, recomendo não usar a bike no trânsito de São Paulo. É
uma opção segura de lazer em cidades menores, parques públicos e em
ciclovias instaladas na capital, aos domingos”.
A reportagem, assinada pela
assessoria de imprensa da secretaria de Saúde, deixa claro o tratamento
dispensado à bicicleta em São Paulo. O governo do estado não a trata como um
meio de transporte, mas como uma brincadeira de fim de semana. Ao invés de
estimular o uso das duas rodas, o governo cria medo justamente em quem não é
responsável pelos acidentes.
Um quadro de recomendações
feito pela CET (Companhia de Engenharia do Tráfego) endossa a reportagem,
jogando a responsabilidade dos acidentes nos ciclistas. “O aumento da
velocidade implica maior risco, portanto não é uma boa prática no trânsito”,
recomenda o órgão responsável pela segurança no trânsito.
O discurso do governo de São
Paulo em dias normais contrasta com o do Diário Oficial de hoje. O governador
Geraldo Alckmin propagandeia que integrou a bicicleta ao metrô, com a
possibilidade de carregá-la dentro dos trens. Mas só é possível fazer isso em
horários restritos do fim de semana. Ou seja, a bicicleta continua sendo
tratada como diversão de crianças que vão ao parque no final de semana, e não
um jeito de chegar ao trabalho.
No município de São Paulo, as
atitudes também são fracas. O prefeito Gilberto Kassab prometeu construir 100
quilômetros de ciclovias na cidade na sua gestão. Há seis meses do fim do seu
mandato, só entregou 18 quilômetros.
Seria ingênuo acreditar que a
bicicleta sozinha solucionaria os problemas do trânsito paulistano e tonaria a
cidade um lugar melhor. A cidade concentra os empregos em regiões distantes e
milhões de pessoas a atravessam todos os dias. Não é possível pedir que
alguém saia de cidades dormitórios na zona leste para trabalhar no centro de bicicleta,
percorrendo mais de 30 quilômetros.
De qualquer forma, o Estado
deveria estimular o uso de um transporte que traz benefícios à cidade. Ao invés
de criar uma cultura do medo e mandar o ciclista ficar em casa, deveria tornar
a vida deles mais fácil.
Fonte Carta Capital
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