Grampo
revela parceria entre a revista, o bicheiro Cachoeira e o senador
Demóstenes; “O Policarpo ajudou”, disse Cachoeira; ex-governador do DF, José
Roberto Arruda, falou a Veja em setembro de 2010, às vésperas da eleição
presidencial, e acusou Demóstenes de lhe pedir favores; nada foi publicado
247 – Em
setembro de 2010, José Roberto Arruda, ex-governador do Distrito Federal, que
havia perdido o mandato no início do mesmo ano, foi procurado pela revista
Veja. A publicação, da Editora Abril, prometia uma reportagem de capa, se
Arruda decidisse quebrar o silêncio sobre sua queda. Para a missão, Veja
escalou o repórter Diego Escosteguy. Surpreendentemente, Veja engavetou uma
entrevista bombástica, que era cobiçada pela imprensa inteira.
Por quê? Qual o motivo para desprezar um furo
jornalístico tão relevante?
A resposta está num grampo da Operação Vegas,
revelado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, do site Conversa Afiada (leia
mais aqui). Eis a transcrição da conversa, que foi
captada no dia 20 de março de 2011, quando a entrevista foi publicada por
Época, levada pelo próprio Escosteguy, que, desiludido, saiu da revista Veja:
Cachoeira – Fala doutor, não falou nada, não?
Demóstenes – Não, tenho que analisar com isso aí o que é que faz.
Vamos pensar, amanhã você tá aí?
Cachoeira – Tô, precisava falar com você, o Chiquinho achou ruim,
não me atendeu mais não.
Demóstenes – Fez bem. Chegar o porrete nele mesmo, sujeito safado.
Cachoeira – Tô pensando de ele fazer alguma coisa.
Demóstenes – Não, eu falei pra ele, nada, eu falei é a verdade,
não tem nada de mentira não. Tá tudo certo.
Cachoeria – Esse trem do Arruda aí... Você leu a reportagem? O
Diego Escosteguy trabalhava na Veja, fez a reportagem em setembro, a Veja não
publicou, pediu que queria soltar agora, ele pegou e soltou. Mas você viu que
na Época ele deu uma recuada, né?
Demóstenes – Aquilo, se sai em setembro, ia fuder com meio mundo,
né.
Cachoeira – É, mas eu vi um negócio, o Policarpo ajudou também,
viu. Ia fuder mesmo. Mas você viu que ele ficou com medo e recuou. Tenho certeza
que ele recuou foi por causa do seu nome.
Demóstenes – É, sujeito à toa. Vamos ver o que a gente vai fazer.
Cachoeira – Fosse você não fazia nada não. Deixa esse homem pra
lá, tá mais do que na cara, isso é retaliação dele, você bateu tanto nele. Tem que
virar as costas pra isso aí.
O que havia de tão constrangedor nesta
entrevista?
Havia uma acusação de José Roberto Arruda contra
Demóstenes Torres. Arruda disse ter sido perseguido por Demóstenes, embora
ambos fossem do mesmo partido, porque o senador goiano tentou emplacar, como
fornecedora do governo do Distrito Federal, uma determinada empresa.
A quem era ligada esta empresa?
Obviamente, a Carlos Cachoeira.
E, neste caso, não era a Delta.
Fonte
Brasil 247
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