24 de julho de 2012

Um Dia de Cão


O título bem que poderia fazer referência ao trânsito de quarta-feira na cidade de São Paulo, mas na verdade trata-se do clássico do grande Sidney Lumet estrelado por Al Pacino.

Na época, os dois já eram importantes personagens do cinema americano. Lumet já havia dirigido “Onze Homens e uma Sentença” e “Assassinato no Expresso Oriente” e  Al Pacino já era uma estrela pela atuação em “O Poderoso Chefão I e II”.
Em uma manhã em Nova York, Sonny (Al Pacino) e Sal (John Cazale) assaltaram uma agência do banco Chase Manhatan, no Brooklin. O assalto não sai como o planejado e eles passam 14 horas dentro da agência com 9 reféns, cercado por policiais, câmeras de TV e curiosos. O filme é baseado em uma história real e que ganhou notoriedade por ter sido acompanhado pela televisão.
A trama é contada de forma linear. Por mais simples que pareça essa é a forma de Lumet retratar o ocorrido com mais fidelidade, da forma mais real para aqueles que efetivamente acompanharam o assalto pela televisão. As motivações que levaram ao crime vão sendo descobertas durante o assalto, mas sem ter que usar recursos de voltar ou avançar no tempo.
O filme começa com 3 assaltantes chegando ao banco e rendendo seu gerente de uma forma bem planejada. Esse tom de organização acaba no momento seguinte, quando um dos assaltantes acha que aquilo não vai dar certo e resolve ir embora.

Esse é apenas o primeiro momento em que o filme alterna entre a tensão e situações inusitadas/comicas. A trama segue nessa toada até o final.
Um dos fatores curiosos do filme é que ele não tem trilha sonora. O recurso que é muito utilizado para enfatizar momentos de tensão não se faz necessário em Um dia de Cão. A interpretação de Al Pacino e o enredo do filme conseguem transmitir essa sensação sem precisar da ajuda musical.

O personagem vivido por John Cazale tem um papel espetacular. Se Sonny não parece capaz de matar e chega a ser gentil com seus reféns, Sal é a figura que traz as emoções de volta para a tela. Ele está disposto a fazer qualquer coisa para não terminar na cadeia.
Além da gentileza de Sonny com seus reféns, ele ganha a simpatia dos civis curiosos que estão cercando o banco. Em uma das cenas mais marcantes do filme ele sai com um pano branco nas mãos e sem armas, enquanto é cercado por um verdadeiro exército de policiais armados do lado de fora. Ao perceber a situação em que se encontra, Sonny grita “Attica”, lembrando o massacre policial que ocorreu no Instituto Correcional de Nova York, e com isso ganha o apoio da multidão e a leva a loucura.
O filme foi lançado em 1975, apenas 2 anos após o fim da guerra no Vietnã, e a população americana estava farta de policiais, armas e massacres. Todos ainda estavam com ressaca moral da derrota na guerra e sofriam com o escândalo do Watergate. É por isso que a cena é tão marcante e profunda. Ela retrata o momento de angústia e descrédito nas autoridades por parte da sociedade americana. Um soco na cara dos governantes da época.
Apesar das cenas de tensão, o filme é cheio de sacadas engraçadas e bem pensadas. Como no momento em que Sonny exige comida para seus reféns, mas acaba pagando pela pizza ao entregador. Genial.
Um Dia de Cão é um filmaço. Uma das maiores atuações de Al Pacino em um filme surpreendente de Sidney Lumet.
onte Moie the movie

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