6 de julho de 2012

Internet e imprensa na democracia


Por Cristiana Castro

Esse negócio de "liberdade de imprensa" é a maior balela e, como virou tabu, nem a esquerda quer discutir. Todo mundo se sente obrigado a tratar essa falácia como um tema sagrado. De minha parte, SOU CONTRA A LIBERDADE DE IMPRENSA e CONTRA SIGILO DA FONTE; isso pode já ter feito algum sentido em alguma época, hoje, representa, apenas, um conjunto de privilégios outorgados a pouquíssimas pessoas. As leis que regem a mídia devem ser as mesmas que regem a liberdade de expressão, ou seja, anonimato vedado e resposta civil e criminal face a ofensas, difamações, calúnia, etc... Além disso, os valores das indenizações devem ser revistos. Qdo mais frágil for o ofendido e mais forte o ofensor maior deve ser o valor da indenização e não o contrário.
Fico estarrecida qdo, em 2012, vejo pessoas defendendo a regulamentação dos meios de comunicação, ora, esses grupos nunca cumpriram a parca legislação que rege o assunto e, agora, que as novas mídias estão fortes é que acham de controlar a comunicação? Não tenho ilusões a esse respeito, qq tipo de regulação, agora, recairá, sobre a internet, como aliás, já está acontecendo. O advento da internet, deu a sociedade a chance de manifesta-se e destruir o dogma de que a imprensa era a voz do povo; sempre soubemos que não era assim e as instituições tb sempre souberam,

Ocorre que como democracia exige participação popular, a mídia entrava como "povo"/ opinião pública, para fechar o contrato democrático sem que fosse preciso, lidar com o povo real. Uma democracia com um "povo" formado por cinco famílias milionárias, não tem como não ser perfeita. O que os defensores da sagrada liberdade de imprensa defendem, não é nada mais que a manutenção do povo midiático, um povo fake, para a conquista de seus objetivos. É por isso que o Ministro alega que a liberdade de imprensa é sagrada; o que fará o Judiciário com a perspectiva de convivência com o povo real? Para eles, o midiático tem controle da sociedade e a resposta social será a resposta midiática, o que já foi uma verdade absoluta, o que era publicado passava a ser realidade. As isntiutições passavam a lidar com a "sociedade" via mídia.
Com o advento da internet, a coisa mudou, radicalmente e, as instituições não querem lidar com isso pq o fato representa perda de poder. Só um parvo pode imaginar que Merval Pereira, Jabor, Leitão, Bonner, Waack, Reinaldo Azevedo, Mainardi, Catanhede, Valdwogel, etc.., tenham qq tipo de vínculo com a realidade brasileira. Para o Judiciário, nada melhor do que lidar com o povo, "pessoa jurídica"; a pompa e a formalidade dos tribunais não combina com a cara do povo real, talvez, e eu repito, TALVEZ, resida nessa ojeriza ao real, a exigência constitucional de advogados para representá-lo nos tribunais e a criação dos tribunais de pequenas causas, que, a meu ver, não teve a intenção de agilizar causas menores e sim, separar causas que envolvam pessoas diferenciadas ou valores diferenciados. Pobre aceita qq coisa e faz logo qq acordo; além disso, a separação evita o encontro de diferenciados com patuléia no trânsito pelos corredores e andares.
Na equação da democracia perfeita, judiciário e midiático, não contavam com duas variáveis; o povo real entrou pelas duas portas, a da frente, via eleição de governos populares e a dos fundos, via livre manifestação nas redes. A democracia perfeita não incluia o povo; o povo entrou e as instiutições não sabem o que fazer com ele. Enquanto fingem que está tudo normal e que, mais cedo ou mais tarde, Midiático recuperará sua condição de "povo"para efeitos de democracia; a popularidade dos governos explode e a credibilidade das instituições desaba. E esse é o cenário preferido do midiático; acusar, no papel de "povo" as lideranças de populismo e aplicar-lhes golpes com o apoio do judiciário. Para a democracia funcionar e ser perfeita, o povo real precisa estar calado, sua voz TEM QUE SER a voz das empresas de comunicação senão, não funciona.
Esse é o motivo do desespero do magistrado em defender a liberdade de imprensa. Ocorre que, para azar da democracia sagrada, o povo real, recuperou a voz e, parece ter gostado disso; para piorar mais um pouco, ao contrário de midiático e judiciário, tudo indica que Executivo e boa parte do Legislativo, estão atentos a essas vozes. O povo real e sua representação real, estão falando a mesma língua e as instituições não representivas, dependem do povo fake para sobreviver. O que está garantindo a sobrevida do modus operandi do judiciário e do midiático é a falácia da opinião pública, ou seja a voz (? ) do povo "pessoa jurídica", quer dizer, nada. O que a liberdade de imprensa, como direito absoluto visa garantir é a perpetuação do silêncio do povo real em favor do grito de ninguém. As poucas pessoas que as empresas de comunicação representam, não precisam da mídia para fazer valer seus direitos; seus direitos são sempre respeitados. Essa absoluta liberdade, seria para garantir a voz e os direitos de quem não é ouvido; uma premissa falsa desde a criação, foi criada para ser falsa; apenas para colocar em poucas mãos um direito de todos. Vejamos o que vem por aí e, por enquanto, aproveitemos a chance de poder usar a rede. Já já, essa moleza vai acabar.

Fonte Bog do Nassif

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