Por Luis Nassif
O foco principal do Instituto Lula
será a África, segundo informou na época do seu lançamento.
Nos 8 anos de governo, apoiado
pela visão diplomática do chanceler Celso Amorim, Lula jogou pesado em favor da
África. Primeiro, como estratégia de diversificação dos parceiros comerciais.
Sem reduzir o comércio com Europa e Estados Unidos, aumentou a participação da
África, Oriente Médio, América Latina e Ásia.
A diplomacia revestiu-se, também,
de inúmeros lances simbólicos.
Na posse da Ilha de Goré, na Porta
do Nunca Mais - monumento que saudava as vítimas do tráfico negreiro - em nome
do Brasil Lula pediu desculpas pela escravidão. E anunciou o lançamento de uma
Universidade em Redenção, Ceará, para acolher alunos de países de língua
portuguesa.
Gradativamente, consolidou-se a
imagem da potência amiga, em contrapartida ao estilo bastante duro da China.
Ao lado dos lances simbólicos, as
ações efetivas.
A Embrapa instalou um escritório
em Maputo, Moçambique - assim como uma fábrica de anti-retrovirais, da
Farmanguinhos. Houve uma revoada de países africanos a Brasilia, solicitando o
mesmo tipo de apoio.
Foram abertas embaixadas
brasileiras em quase todos os países da África. E de 2003 para cá o número de
embaixadas africanas no Brasil saltou de 30 para 54 países.
Terminado o mandato, Lula sai do
Palácio para São Bernardo, passa no Sírio-Libanes para visitar o vice José
Alencar e, em seguida, em comício na sua casa, anuncia que irá se dedicar à
África.
A aproximação foi cuidadosa. Para
opinar sobre a América Latina, nunca foi necessário pedir licença. No caso da
África, havia a necessidade de bater à porta, apresentar-se e pedir licença.
O primeiro ponto da estratégia foi
estabelecer relações com organizações que articulam países africanos. Uma delas
foi a União Africana.
No ano passado, Lula foi convidado
para uma reunião da União Africana em Malabo, Guiné Equatorial, único país de
fala espanhola.
Havia 54 países. Lula discursou
como convidado especial, traduzido em quatro línguas: árabes, francês, inglês e
espanhol.
No discurso, bateu no bordão de
que a África deveria assumir como o continente é visto. Sempre são americanos e
ingleses mostrando sua visão do continente, agora é a vez dos africanos, foi a
tônica. A reação foi imediata. Em um dos países da União, um dos hits musicais
foi uma música falando de Lula e Mandela.
Em janeiro passado, a União
Africana iria aprovar o PIDA (o PAC da África), programa de infraestrutura e
dedsenvolvimento.
Celso Marcondes, um dos membros do
Instituto, foi ao encontro com a missão de convidar coordenadores a virem ao
Brasil apresentar o projeto às empresas brasileiras. Resultou em um grande
evento no BNDES.
Do encontro participaram a
presidente da Petrobras, Graça Foster, da Vale, Murilo Ferreira e do Pactual,
André Esteves, que montou um fundo para África.
O Instituto consolidava seu papel,
de se transformar em facilitador entre interesses brasileiros e africanos.
Junto aos investidores, Lula
passou a enfatizar a visão da importância do investimento se legitimar,
agregando emprego, tecnologia, respeito às tradições africanas etc.
Fonte Blog do Nassif
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