Por
Altamiro Borges
A
Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso Nacional
aprovou hoje à tarde um “convite” para que o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso preste esclarecimentos sobre a temida “Lista de Furnas” – documento que
circulou em 2005 e que revelou suposto esquema de desvio de recursos da estatal
de energia para vários caciques tucanos. Ela também decidiu “convidar” o
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para explicar os “vazamentos” da
operação Porto Seguro da Polícia Federal.
O temor da mídia demotucana
De imediato, os convites geraram a ira da mídia
demotucana – que adora defender a “transparência”, mas apenas para os seus
inimigos políticos. A Folha online atacou “a manobra articulada” pela base
governista e garantiu, indignada, que o “requerimento relativo a Fernando
Henrique, de autoria de Tatto, tem conotação explicitamente política”. Ela
também condenou o fato da mesma comissão ter rejeitado a convocação dos
ministros Luís Inácio Adams (AGU), Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e de Rosemary
Noronha.
Na mesma linha editorial, que até parece combinada, o
sítio do jornal O Globo também criticou a não convocação de Adams, Gleisi e
Rosemary e apresentou os “convites” para FHC e Gurgel como retaliação política.
Para isto, o diário da famiglia Marinho destacou uma frase do petista Jilmar
Tatto: “Se eles querem guerra, vão ter”. Ao final da matéria, o próprio jornal
reassaltou que “como são convites e não convocações, nem Fernando Henrique, nem
Gurgel precisam comparecer”.
Blogueiro ou advogado dos tucanos?
Mais explícito, o blogueiro Josias de Souza, que até
parece advogado dos tucanos, tentou desqualificar a convocação. “FHC terá de se
explicar sobre um papelucho chamado de ‘Lista de Furnas’. Uma peça que associa
nomes de políticos, na maioria tucanos, a pseudo-desvios praticados na estatal
elétrica. O líder petista sabe que a lista é falsa como nota de três reais...
No passado, o petismo se dizia capaz de matar e morrer pela defesa de uns
tantos valores. Hoje, o líder do PT desce ao front de mãos dadas com Collor”.
Caso o “convite” seja para valer – e não uma mera manobra
pragmática – e o ex-presidente FHC não consiga escapar do depoimento, o debate
sobre a Lista de Furnas poderá revelar muitos pobres que os demotucanos sempre
esconderam, com a inestimável ajuda da mídia. Em agosto último, o Ministério
Público Federal confirmou a autenticidade da “lista”, conforme registrou na
ocasião o jornalista Amaury Ribeiro, autor do livro “A privataria tucana” – o
best-seller que também foi vetado pela mídia tucana.
O
"mensalão" dos tucanos
Amaury
Ribeiro afirma que teve acesso ao documento, que revela que a Furnas
superfaturou contratos para repassar dinheiro a cerca de 150 políticos durante
a campanha eleitoral de 2002. Os principais beneficiários seriam candidatos do
PSDB e do DEM, entre eles o mineiro Aécio Neves e o paulista Geraldo Alckmin. A
lista, que os tucanos juravam não existir e que a mídia sempre evitou apurar,
teria sido escrita pelo próprio ex-presidente e ex-diretor de planejamento da empresa,
Dimas Toledo.
Para
a procuradora Andrea Bayão Ferreira, do Rio de Janeiro, hoje não há mais
dúvidas sobre a existência do documento. Um laudo do Instituto Nacional de
Criminalística da PF confirmou a sua autenticidade. Trechos que já vazaram pela
internet apontam a seguinte distribuição dos recursos desviados: José Serra, R$
7 milhões; Geraldo Alckmin, R$ 9,3 milhões; Aécio Neves, R$ 5,5 milhões;
Gilberto Kassab, R$ 100 mil; e Eduardo Azeredo, o mesmo que chefiou o chamado
mensalão tucano de Minas Gerais, R$ 550 mil.
Fonte – Blog do Miro
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