De BOM DIA Jundiaí - 8/6/2012
Jayme
Martins
Como, em consequência do golpe militar de 1964,
estivemos engavetados por alguns meses nos presídios de Jundiaí, do DOPS e do
Carandiru e ainda tivemos que passar 20 anos fora do País, temos sido muito
indagados por amigos e conhecidos e entrevistado pela mídia sobre o que
pensamos do levantamento que começa a ser feito pela Comissão da Verdade.
Por nossa longa experiência jornalística
internacional, como correspondente em Pequim de importantes veículos da mídia
brasileira (“O Globo”, “Estadão”, “JT”, SBT, rádios Guayba e Eldorado) e pela
atuação que tivemos também na mídia chinesa (Serviço de Português da Rádio
China Internacional), fazendo repercutir em nosso trabalho os principais
acontecimentos internacionais de várias décadas, não podemos deixar de enfocar
os acontecimentos de 1964 no Brasil como reflexos locais da guerra fria global
entre os Estados Unidos e a União Soviética.
É claro que os fatores internos foram
determinantes daquele l.o de abril, mas o confronto internacional das duas
superpotências se fazia sentir aqui dentro através desses fatores internos.
A atuação dos EUA se refletia sobretudo nos
pronunciamentos da grande mídia (“O Globo”, “Estadão”, “Folha” , Diários e
Emissoras Associados), dos partidos ditos conservadores, liberais, de direita
(UDN, PSD), com representação parlamentar majoritária; por meio de governadores
estaduais dessas mesmas tendências (Lacerda, Magalhães Pinto, Ademar), bem como
através da liderança de inúmeras entidades patronais e outros setores sociais,
inclusive militares e policiais, de oposição ao governo Goulart.
A influência soviética era sentida por meio
dos partidos ditos revolucionários, reformadores, de esquerda (PTB, PSB,
PCs), com representação parlamentar minoritária; através de alguns
governadores estaduais (Brizola, Arraes, Borges), de uns poucos veículos da
mídia menor, de bom número de entidades trabalhistas e estudantis, bem como de
alguns setores sociais, inclusive líderes militares nacionalistas que apoiavam
o governo Goulart (Estilac, Zerbini, Aragão).
Portanto, é de se esperar que a Comissão da
Verdade não passe por alto a responsabilidade da guerra fria no golpe de 64, de
parte a parte.
Fonte
– Blog do Nassif
Nenhum comentário:
Postar um comentário