‘Alguém tem que ser o primeiro’, diz o
presidente José Mujica
Em entrevista durante a Rio+20, Mujica se mostrou confiante no sucesso da
iniciativa
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O
presidente do Uruguai, José “Pepe”Mujica, minimizou as críticas, a polêmica e o
espanto causados por seu projeto de descriminalização da maconha. Com o estilo
simples que lhe é peculiar, sem gravata ou seguranças, Mujica se mostrou
confiante no sucesso da iniciativa. Ele conversou com o GLOBO durante a
plenária dos chefes de Estado da Rio+20.
O
GLOBO: Quais os riscos de descriminalizar o uso da maconha?
JOSÉ
“PEPE” MUJICA: Veja
bem, a ideia não é liberar. Ao contrário, vamos controlar através de uma rede
estatal de distribuição. Não estamos propondo uma legalização que permita que
qualquer um possa ir ao armazém, comprar quantidades de maconha e fazer o que
quiser. O Estado vai ter controle da qualidade, da quantidade, do preço, e as
pessoas estarão registradas. Os cigarros terão controle digital, sendo possível
rastrear sua origem por meio da assinatura química da amostra. É importante
frisar que se você comprar 20 cigarros, terá que consumi-los e não poderá
vendê-los.
Mas
como será possível garantir que não haverá uma revenda da droga?
MUJICA: Com o registro no
Estado, esses usuários serão facilmente rastreados se as regras forem violadas.
Estamos anunciando um pacote de 16 medidas para combater a insegurança, mas só
se fala nessa. O que nós esperamos é reduzir o número de crimes nas cidades
uruguaias. A maioria dos crimes, hoje, é cometida por jovens delinquentes.
Não
é um passo ousado demais?
MUJICA: Existem propostas
semelhantes na Europa, e alguém tem que começar na América do Sul. Alguém tem
que ser o primeiro, porque nós estamos perdendo a batalha contra as drogas e a
criminalidade no continente. Faço isso pela juventude, pois as formas
tradicionais de enfrentar este problema não deram resultado até agora. Temos
que buscar outro caminho, mesmo que alguns o considerem ousado. O Uruguai é um
país pequeno, onde se podem fazer as coisas com mais facilidade. Não somos
grandes como o Brasil.
Fonte
O Globo
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