Por Luis Carlos Bordoni
Era menino, oito anos de idade. Morava numa
cidadezinha interiorana de São Paulo. O nome dela era imponente: Cosmorama, do
grego, panorama do mundo. Meu pai era vereador, presidente da Câmara,
amicíssimo e incansável cabo eleitoral de um deputado federal rio-pretense.
Não há como esquecer essa amizade e ligação. É que eu
a vivenciei, eu fui partícipe dessa lealdade. Lembro-me de que, encarapitado na
minha Monark, com a lista de nomes na mão, saí a distribuir os bilhetes do
velho contendo o nome e o número e o pedido de voto para o “nosso candidato”.
Ainda que a cidade contasse com pouco mais de mil e 500 habitantes, haja
pedalada!.
É que não só ali, mas também pelos pequenos sítios
urbanos, onde costumava buscar leite tirado na hora (eu o tomava num copo com
açúcar) ou comprar hortifrutigranjeiros. O mais próximo era o do Antônio do
Prado, mais conhecido por Tonico Capa Preta. O mais distante era o do Sr.
Domingos Baggio, onde havia frutas, verduras, legumes, tanques com variadas
espécies de peixe etc. – eu preferia o canteiro de moranguinhos e a garapa de
cana (eu gostava de montar no burro que fazia girar a moenda).
Retomando as pedaladas, o meu velho era cabo eleitoral
do amigo e eu era o recruta encarregado de levar as mensagens aos votantes. Eu
o fiz diligentemente. Missão cumprida, aguardamos as urnas e lá estava o nosso
amigo reeleito.
Essa
história me veio à lembrança no dia 27 de junho passado, quando eu depunha na
CPMI, em Brasília. É que ali, a dois metros de mim, tachando-me de “moleque” e
“vagabundo”, estava o senador tucano Aloísio Nunes Ferreira Filho, para cujo
pai, o saudoso Aloísio Nunes Ferreira, estas pernas aqui, cansadas e trôpegas,
tanto pedalaram.
Aloysio, o Filho
Aloysio, o Pai
Blog do Bordoni


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