8 de julho de 2012

O chicote do antípoda


Por Luis Carlos Bordoni

Era menino, oito anos de idade. Morava numa cidadezinha interiorana de São Paulo. O nome dela era imponente: Cosmorama, do grego, panorama do mundo.  Meu pai era vereador, presidente da Câmara, amicíssimo e incansável cabo eleitoral de um deputado federal rio-pretense.
Não há como esquecer essa amizade e ligação. É que eu a vivenciei, eu fui partícipe dessa lealdade. Lembro-me de que, encarapitado na minha Monark, com a lista de nomes na mão, saí a distribuir os bilhetes do velho contendo o nome e o número e o pedido de voto para o “nosso candidato”. Ainda que a cidade contasse com pouco mais de mil e 500 habitantes, haja pedalada!.
É que não só ali, mas também pelos pequenos sítios urbanos, onde costumava buscar leite tirado na hora (eu o tomava num copo com açúcar) ou comprar hortifrutigranjeiros. O mais próximo era o do Antônio do Prado, mais conhecido por Tonico Capa Preta. O mais distante era o do Sr. Domingos Baggio, onde havia frutas, verduras, legumes, tanques com variadas espécies de peixe etc. – eu preferia o canteiro de moranguinhos e a garapa de cana (eu gostava de montar no burro que fazia girar a moenda).
Retomando as pedaladas, o meu velho era cabo eleitoral do amigo e eu era o recruta encarregado de levar as mensagens aos votantes. Eu o fiz diligentemente. Missão cumprida, aguardamos as urnas e lá estava o nosso amigo reeleito.
Essa história me veio à lembrança no dia 27 de junho passado, quando eu depunha na CPMI, em Brasília. É que ali, a dois metros de mim, tachando-me de “moleque” e “vagabundo”, estava o senador tucano Aloísio Nunes Ferreira Filho, para cujo pai, o saudoso Aloísio Nunes Ferreira, estas pernas aqui, cansadas e trôpegas, tanto pedalaram.  
                                                                 Aloysio, o Filho
                                                                    Aloysio, o Pai
Blog do Bordoni


Nenhum comentário:

Postar um comentário