Do G1
Ela atuou em filmes como 'Casablanca',
'Interlúdio' e 'Sonata de outono'. Atriz morreu em Londres no dia de seu
aniversário de 67 anos em 1982.
Ela foi a Ilsa Lund de "Casablanca", a
loira de Hitchcock, a apaixonada amante e esposa de Roberto Rossellini e,
finalmente, filmou com o outro Bergman, Ingmar, no crepúsculo de sua carreira:
Ingrid Bergman, uma das melhores atrizes da história do cinema, morreu no dia
de seu 67º aniversário há três décadas.
![]() |
Humphrey Bogart e
Ingrid Bergman em 'Casablanca'
(Foto: Divulgação/Warner Bros.) |
No cinema, foi a inspiração para a célebre frase
"Nós sempre teremos Paris", com a qual Humphrey Bogart deixava aberta
a história de amor mais clássica da telona. Na vida, escreveu a Roberto
Rossellini outra não menos célebre: "Só sei dizer uma coisa em italiano:
Ti amo".
A maior descoberta sueca de Hollywood após a
aposentadoria da "divina" Greta Garbo fora uma autêntica loira de
Hitchcock também fora das telas. Um vulcão gélido que, apesar de ter representado
a candura em produções como "À meia luz" (1944) - o primeiro de seus
três Oscar - e "Spellbound: Quando fala o coração" (1945), sempre foi
ruidosa.
"Era o ser humano mais tímido jamais
criado, mas tinha um leão dentro de si que não se calaria", resumiu depois
em sua autobiografia, que foi um sucesso de vendas e na qual expôs ao mundo uma
fidelidade a si mesma muito adiantada para o seu tempo.
Em pleno Hollywood da Caça às Bruxas e do código
Hays de moral e censura, Ingrid Bergman abandonara seu marido e fugira à Itália
com Roberto Rossellini. Só precisou assistir a "Roma, cidade aberta"
(1945) para apaixonar-se por ele, com quem se casou e teve três filhos.
![]() |
Ao lado de Liv
Ullmann, Ingrid Bergman
aparece em cena de
'Sonata de outono'
(Foto:
Divulgação/Criterion)
|
"Acho que ninguém tem o direito de
intrometer-se na sua intimidade, mas as pessoas fazem isso. Eu gostaria que as
pessoas separassem a atriz da mulher", disse quando as crônicas sociais
encheram páginas e mais páginas com sua história de amor.
Após demonstrar em "Por quem os sinos
dobram" (1943) e "Joana d'Arc" (1948) que era a perfeita heroína
do imaculado cinema americano, se tornou musa do neo-realismo em obras
convulsas como "Stromboli" (1950), "Europa 51" (1952) e
"Viagem pela Itália" (1954).
Embora tenha rejeitado o magnata Howard Hughes,
já tinha protagonizado romances com personalidades como o fotógrafo Robert Capa
durante as filmagens de "Interlúdio" (1946). Hitchcock chegou a
reconhecer que se baseou em sua história de amor para conceber o roteiro de
"Janela indiscreta" (1954).
Ingrid Bergman, nascida em 29 de agosto de 1915
em Estocolmo e falecida em Londres no mesmo dia em 1982, chegara a Hollywood
marcada por sua beleza um pouco campestre, sua voz grave e sua estatura
excessiva (1,75m), que fez com que Humphrey Bogart em "Casablanca"
(1942) e Claude Rains em "Interlúdio" tivessem que usar saltos ao seu
lado.
Em pouco tempo conquistou o público com um
talento dramático fora de série, até o ponto em que "traiu" essa
imagem - que ficara marcada por sua elogiada atuação em "Os sinos de Santa
Maria" (1945) - e deixou Hollywood órfão de seu talento, dando a
"volta por cima" em 1956 com um segundo Oscar, desta vez por
"Anastácia, a princesa esquecida".
![]() |
Ingrid Bergman e
Cary Grant em 'Interlúdio'
(Foto:
Divulgação/MPTV Images)
|
Eram outros tempos, e Ingrid Bergman começou a
ser uma atriz madura poucos anos depois, ganhando elegância e presença com a
idade. "Envelhecer não me preocupa. Se eu fosse a única, me preocuparia,
mas todos estamos no mesmo barco e todos meus amigos vêm comigo. Todos rumo à
velhice", disse certa vez.
E no final de sua carreira seguiu luzindo um
gênio dramático que se traduziu em um terceiro Oscar, por "Assassinato no
expresso do oriente" (1974), e, sobretudo, em "Sonata de outono"
(1978), de Ingmar Bergman, em que interpretou uma mãe castradora e no qual
voltou a apresentar uma de suas habilidades: tocar piano.
Corria o ano de 1979 e voltou a ser indicada ao
Oscar, mas não pôde comparecer à cerimônia desse ano porque começava a lutar
contra um câncer de mama. "Se me impedir de atuar, deixarei de
respirar", disse.
Por fim, não deixou de atuar, mas migrou para a
televisão, com um aclamado telefilme que coroou sua trajetória com um Emmy póstumo.
Já ganhara um por "A volta do parafuso", de Henry James, em 1960, mas
"Uma mulher chamada Golda", em que interpretou a primeira-ministra
israelense Golda Meir, foi seu magistral canto do cisne.
O prêmio foi recebido por sua primeira filha,
Pia, de seu primeiro casamento, com o médico sueco Petter Lindström. "Tive
diferentes maridos e famílias, e me orgulho de todos eles, visito todos. Mas no
mais profundo do meu ser sinto que pertenço de verdade ao mundo do
espetáculo", confessou em uma ocasião.
Fonte
– Blog do Nassif
Nenhum comentário:
Postar um comentário