Deputado
Miro Teixeira (PDT/RJ) se levantou contra a convocação de Policarpo Júnior, de
Veja, alegando que, depois dele, outros jornalistas seriam coagidos. “Não
querem pegar o ladrão, mas quem pega o ladrão”, disse. Num grampo oficial,
Policarpo pede ao bicheiro Carlos Cachoeira que levante ligações de um
deputado. Ou seja: à imprensa, tudo é permitido, inclusive grampear Miro
Teixeira
247 – Policarpo Júnior, editor de Veja em
Brasília, teve um aliado na sessão da CPI do caso Cachoeira que, nesta
terça-feira, vetou sua convocação. Foi o deputado Miro Teixeira, ex-ministro
das Comunicações no primeiro governo Lula, e que mantém boas relações com as
Organizações Globo. “Policarpo será o primeiro, mas depois isso aqui vai
se tornar um estado policial. Isso aqui vai se tornar uma Argentina. Não querem
pegar o ladrão, mas quem busca o ladrão", disse Miro, defendendo a não
convocação do editor-chefe de Veja. "Chamo a atenção de cada jornalista
deste país, dos meios de comunicação. É assim que começa um movimento, não é
uma questão pessoal. Esse seria o primeiro, e outros virão atrás. A
intimidação, a coação poderá ir ao plano estadual, ao plano municipal".
Para Miro, a imprensa é a única entidade privada que investiga o poder. "O
resto é tudo chapa branca".
Neste fim de semana, reportagem de capa da
revista Carta Capital trouxe uma ligação telefônica em que Policarpo pede ao
bicheiro Carlos Cachoeira que levante “algumas ligações” do deputado Jovair
Arantes (PTB/GO), que concorre à prefeitura de Goiânia. E o bicheiro repassa a
tarefa ao araponga Idalberto Matias, o Dadá, especializado em grampos ilegais
e, portanto, clandestinos.
Pela lógica de Miro, Jovair deve se encaixar na
figura do “ladrão”. Dadá e Cachoeira seriam integrantes da “entidade privada
que investiga o poder”. Como Miro já foi ministro das Comunicações, onde se
envolveu em algumas questões bilionárias, como a definição do padrão de televisão
digital no Brasil e as disputas societárias do setor, não haveria nada de
anormal se alguém decidisse, por exemplo, contratar espiões particulares para
levantar suas informações financeiras e suas ligações telefônicas.
Passar essa história a limpo, na verdade, não
significa implantar um Estado Policial no Brasil. E Policarpo Júnior, como
jornalista de ponta da principal revista brasileira, deveria ser o primeiro
interessado em comparecer à CPI para falar diante dos parlamentares.
Na Inglaterra, país livre, Rupert Murdoch falou
diante de uma CPI. No Brasil, os parlamentares se acovardam diante de uma falsa
liberdade de imprensa, que tem sido usada como instrumento de chantagem e
extorsão.
Fonte
Brasil247
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