Por Marcelo Pellegrini – Carta Capital
Um grupo de cientistas do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP trabalha na criação de um novo sistema de bisturis ultrassônicos para ampliar o acesso da população a este aparelho. Hoje, a tecnologia é utilizada em cirurgias faciais e em tecidos com grande circulação sanguínea. No entanto, os aparelhos em uso no Brasil são importados e seu custo é muito elevado.
Um grupo de cientistas do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP trabalha na criação de um novo sistema de bisturis ultrassônicos para ampliar o acesso da população a este aparelho. Hoje, a tecnologia é utilizada em cirurgias faciais e em tecidos com grande circulação sanguínea. No entanto, os aparelhos em uso no Brasil são importados e seu custo é muito elevado.
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Aparelho é o mais indicado para tecidos
com alta circulação sanguínea. Foto: Elza
Fiúza/ABr
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Segundo o coordenador da pesquisa, Vanderlei
Bagnato, cada bisturi ultrassônico custa cerca de 18 mil reais. “O preço
praticado hoje é algo que não se encaixa nos padrões econômicos brasileiros”,
diz Bagnato. “Nossa meta é criar um produto que custe em torno de 30% do valor
do importado para conseguirmos universalizar o acesso”, completa.
O uso do bisturi ultrassônico em cirurgias não é
uma questão de capricho. Ele é muito mais preciso e possui uma capacidade de
cicatrização bem maior que os demais. “Com o aparelho é possível realizar
cortes mais precisos em áreas muito irrigadas, como a região genital, e em um
tempo menor”, conta o coordenador. O aparelho ultrassônico é muito utilizado em
cirurgias abdominais, operações mamárias, ginecológicas e em tecidos delicados
como a face e as pálpebras.
Outra vantagem do bisturi ultrassônico é sua
capacidade de cauterizar o tecido, ao mesmo tempo, em que o corte é feito. “Com
ele, o sangramento e o tempo de recuperação dos pacientes são minimizados”,
afirma Bagnato.
Apesar das vantagens, a popularização do uso do
aparelho ainda esbarra em seu alto custo para o sistema brasileiro de saúde.
Para resolver a questão, a equipe do IFSC em parceria com a empresa WEM, de
Ribeirão Preto, já desenvolveu um bisturi ultrassônico nacional, que está em
fase de testes, e aguarda a aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) para ficar disponível no mercado.
Segundo o pesquisador, o aparelho nacional
possui inovações de aplicabilidade e funções que o tornarão competitivo
internacionalmente. “Faremos algo nosso, acessível e que disputará o mercado
internacional”, adianta.
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Imagem do protótipo
desenvolvido pelo
IFSC-USP. Foto: Thiago Balan Moretti
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Funcionamento
O bisturi ultrassônico nada mais é do que um aparelho que tranforma energia elétrica em vibração ultrassônicas, ou seja, em ondas com uma frequência muito alta. O aparelho em teste no IFSC trabalha com frequências entre 50 e 55 mil Hertz (Hz) por segundo, uma frequência muito superior à detectada pelo ouvido humano, que distingue sons entre 20 e 20 mil Hz.
O bisturi ultrassônico nada mais é do que um aparelho que tranforma energia elétrica em vibração ultrassônicas, ou seja, em ondas com uma frequência muito alta. O aparelho em teste no IFSC trabalha com frequências entre 50 e 55 mil Hertz (Hz) por segundo, uma frequência muito superior à detectada pelo ouvido humano, que distingue sons entre 20 e 20 mil Hz.
A partir do momento em que as ondas
ultrassônicas, produzidas pelo bisturi, entram em contato com a pele, as
proteínas do tecido começam a se degradar e se romper. “É como se cortasse o
tecido o desfazendo, como se cortasse e já cauterizasse a região”, explica
Vanderlei Bagnato.
Dessa forma, o sangramento da região é reduzido
e, pelo corte já estar cauterizado, os riscos de exposição e o tempo de
recuperação também são reduzidos.
Já em fase final de testes, a expectativa para o
lançamento do produto com tecnologia nacional é grande. “Esperamos que nosso
produto possa ser comercializado já no ano que vem”, estima Bagnato, confiante.
Fonte – Carta Capital


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