O escritor, dramaturgo, roteirista e ativista
político americano Gore Vidal morreu nesta terça-feira, aos 86 anos, vítima de
complicações de uma pneumonia. Dono de uma prodigiosa carreira e considerado um
dos mais versáteis autores americanos, com mais de 20 romances lançados, Vidal
estava em sua casa em Los Angeles, para onde se mudou em 2003 depois de um
longo exílio na Itália.
Sempre ativo na política e grande crítico do
estilo de vida americano, Eugene Luther Gore Vidal, portavoz dos direitos civis
e das minorias defendia a "consciência crítica diante do imperialismo”. Em
1960 chegou a concorrer, sem sucesso, ao Congresso americano. Em 1982, tentou
se eleger novamente, desta vez a uma cadeira no senado. Perdeu-se um político e
consagrou-se um dos maiores escritores da língua inglesa.
Gore Vidal nasceu na Academia Militar de West
Point, no estado de Nova York, em 1925, mas foi criado em Washington D.C. O pai
foi pioneiro da aviação e trabalhou para o governo Roosevelt, e o avô, T. P.
Gore, atuou como senador. O autor começou a escrever contos e poemas ainda na
adolescência. Aos 18 anos se alistou no exército, onde ficou até 1946. Durante
a Segunda Guerra Mundial, a bordo de um navio, escreveu, aos 21 anos, o seu primeiro
romance "Williwaw", baseado nas suas experiências militares.
Entre 1947 e e 1949, morou na cidade de Antigua,
na Guatemala, onde escreveu "Em um bosque amarelo", narrando as
dificuldades de um ex-combatente em se adaptar à vida civil, e "A cidade e
o pilar", que provocou muita polêmica devido ao seu caráter homossexual.
Nos anos 50 lançou "À procura de um rei", "O julgamento de
Páris" e "Messias". Logo em seguida passou a se dedicar a fazer
roteiros para o cinema e para a televisão e entrou para o mundo do teatro.
Nos anos 1960 e 1970 morou na Itália, tendo
participado do filme "Roma", de Felini, em 1972, em que desempenhou
seu melhor papel: o dele mesmo. Com a biografia do imperador romano
"Juliano", reiniciou a carreira literária. Com o pseudônimo de Edgar
Box, Gore Vidal escreveu uma série de histórias de detetives.
Sem nunca deixar de lado uma de suas maiores
características, o interesse político e histórico, encerrou a carreira com
"A era dourada: narrativas do império", uma série de sete romances
históricos que pretendia ser uma biografia dos Estados Unidos:
"Washington", "Burr, "Lincoln", "1876",
"Império" e "Hollywood".
Romancista, ensaista, roteirista, autor de
artigos para jornais do mundo todo, crítico cáustico das posturas belicistas,
sofreu perseguições por parte dos conservadores líderados pelo senador McCarthy
nos anos 50. Mas nada impediu a sua criatividade, que se espalhou ainda com os
pseudônimos de Cameron Kay e Katherine Everard.
Fonte
– oglobo.com
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