Por:
Maurício Thuswohl, da Rede Brasil Atual
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O presidente da OAB do
Rio afirma que
o ministro Marco Aurélio
(foto) não deveria se pronunciar
sobre tema que esteja
julgando (Foto: Nelson Jr. STF)
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O presidente da OAB do Rio afirma que o ministro
Marco Aurélio (foto) não deveria se pronunciar sobre tema que esteja julgando
(Foto: Nelson Jr. STF)
Rio de Janeiro – As declarações do ministro
Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre o julgamento do
mensalão publicadas na edição desta segunda-feira (6) do jornal O Estado de
S. Paulo mereceram o repúdio da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Rio de
Janeiro. Um dos onze ministros do STF incumbidos de julgar os 38 réus do
mensalão, Mello afirmou ao jornal de circulação nacional não considerar
necessária a existência de prova cabal para se chegar à condenação dos réus.
Ele ainda insinuou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha
conhecimento sobre o esquema e chegou a fazer uma ironia com o PT, partido do
governo.
Presidente da OAB-RJ, Wadih Damous critica o
ministro do STF: “A crônica da magistratura recomenda que um juiz se abstenha
de fazer comentários públicos acerca de processos que esteja julgando ou possa
vir a julgar. Esse comentário do ministro Marco Aurélio aborda uma tese da
defesa – que talvez seja a tese mais importante da defesa – e faz comentários
sobre ela. Eu, particularmente, acho que isso [a entrevista] não deveria ter
acontecido”, diz.
Damous afirma que a OAB-RJ espera que
manifestações como a de Mello não voltem a ocorrer durante o julgamento do
mensalão. “Nenhum dos ministros do STF deveria poder se manifestar acerca desse
ou de qualquer outro processo parecido. Essa é uma ação penal que pode levar à
condenação de pessoas, com perda de liberdade, e deve ser tratada como a lei
manda, com discrição. Juiz fala nos autos, o juiz não deve falar previamente”,
disse o presidente entidade.
O presidente da seção fluminense da OAB, no
entanto, diz não acreditar que a postura dos juízes do STF possa ter qualquer
influência sobre o trabalho dos advogados ou mesmo sobre suas estratégias de
defesa durante o julgamento do mensalão: “Acho que não chega a esse ponto. A
defesa tem a sua estratégia, tem as suas teses, independentemente do que dizem
os ministros do Supremo”.
Papai
Noel
Na entrevista ao jornal paulista, Marco Aurélio
Mello indaga: “O que vão querer em termos de provas? Uma carta? Uma confissão
espontânea? É muito difícil”, diz o ministro do STF, que afirma ainda “não acreditar
em Papai Noel a essa altura da vida”.
Indagado se Lula sabia do mensalão, o Mello
retrucou com novas indagações: “Você acha que um sujeito safo como o presidente
Lula não sabia? O presidente se disse traído. Foi traído por quem? Pelo José
Dirceu? Pela mídia?”, disse, acrescentando que “o presidente Lula sempre se
mostrou muito mais um chefe de governo do que um chefe de Estado”.
Ao falar sobre a eventual participação de Dirceu
como mentor do esquema do mensalão, tese sustentada pela acusação feita pelo
Ministério Público na sexta-feira (3), Mello foi irônico ao fazer alusão ao
número do PT, partido do ex-ministro. “Quantos eram deputados à época da
denúncia? Treze? Isso é sintomático”, disse.
Fonte
site RedeBrasilAtual
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