por Luiz Carlos Azenha
A sequência do livro Privataria Tucana, de
Amaury Ribeiro Jr., será dedicada à lista de Furnas, informou o repórter hoje
de manhã, por telefone.
A lista trata de um suposto esquema de arrecadação
para financiar campanhas eleitorais dentro da estatal durante o governo de
Fernando Henrique Cardoso. Pelo esquema, fornecedores de Furnas teriam sido
beneficiados com contratos em troca de doações.
O esquema teria sido chefiado por Dimas Toledo,
ex-diretor da empresa.
A arrecadação, de quase 40 milhões de reais, teria
abastecido campanhas de vários partidos.
Colunista do jornal Hoje em Dia, em Belo
Horizonte, através do qual divulgou ontem trechos da denúncia do Ministério Público Federal sobre
o caso, Amaury disse que dispõe “de dez mil páginas de documentos” que resultaram
da investigação feita pela Polícia Federal, inclusive com interceptações
telefônicas.
Segundo Amaury, o conjunto de provas demonstra a
autenticidade da lista, sempre contestada pelo PSDB:
1. A perícia oficial comprova a assinatura de Dimas
Toledo no documento;
2. Demonstra que não houve montagem;
3. Escutas telefônicas feitas com autorização da
Justiça mostram que o lobista Nilton Monteiro, acusado de tentar falsificar o
conteúdo ou de usar o documento para fazer chantagem política, sempre tratou a
lista como sendo verdadeira;
4. A investigação identificou empresas doadoras
citadas na lista;
5. Roberto Jefferson admitiu ter recebido, em
dinheiro, a quantia atribuída a ele no documento, de 75 mil reais.
Politicamente, a confirmação do conteúdo da lista
deixaria claro que o PSDB operou um sistema parecido com aquele pelo qual
petistas serão julgados a partir desta quinta-feira, no Supremo Tribunal
Federal, no caso do chamado mensalão.
Ou seja, caixa dois para financiar campanhas e azeitar
alianças políticas (na lista de Furnas, doações teriam sido feitas a candidatos
do PMDB, PP, PTB, PL e PFL, além do próprio PSDB, visando a campanha de 2002).
No chamado mensalão, o PT alega que abasteceu o caixa
dois utilizando dinheiro de empréstimos em bancos privados. A acusação, no
entanto, diz que o partido usou operações fraudulentas em associação com o
publicitário Marcos Valério para desviar recursos públicos.
No caso da lista de Furnas, a leitura da denúncia do
Ministério Público Federal não livra de todo o PT (ver íntegra abaixo,
disponibilizada por Amaury, via e-mail).
Roberto Jefferson, em seu depoimento, narra tratativas
com o então ministro José Dirceu para manter Dimas Toledo no cargo de diretor
de Engenharia, Planejamento e Construção de Furnas. Teriam acontecido em 2005.
No depoimento, Jefferson disse que negociava a
permanência de Dimas no cargo em troca da arrecadação mensal de R$ 1,5 milhão,
que seriam divididos entre PT e PTB.
Segundo ele, o projeto fracassou quando foi deflagrado
o escândalo do chamado mensalão.
Dimas Toledo se afastou do cargo depois da
entrevista-denúncia que Jefferson deu, em 2005. À época, Dimas Toledo negou o relato de desvios do petebista.
Ao confirmar que recebeu os 75 mil reais que aparecem
atribuídos a ele na lista de Furnas, Jefferson deu credibilidade ao documento
mas entrou no rol de denunciados.
Por conta do livro Privataria Tucana, Amaury e
a Geração Editorial — que lançou o livro — são processados pelo ex-governador José Serra,
agora candidato à Prefeitura de São Paulo.
Serra chamou o livro de “lixo”.
Privataria Tucana
vendeu 120 mil exemplares.
Fonte Blog Viomundo
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