Como
afirmei na última postagem, a grande imprensa muda seu discurso conforme a
direção do vento, sem é claro, mudar seu paradigma: a manutenção do status
quo da classe dominante. Utilizei como exemplos a coisa feita em papel
couché e o Estadão. Como seus posicionamentos sobre os arroubos de Joaquim
Barbosa no julgamento da Ação Penal 470 mudaram.
Na
“coisa” ele saiu de desrespeitador das instituições e arrogância fora do comum
para o salvador da pátria e no Estadão que no começo tratava seus chiliques
como algo normal e salutar ao STF, agora essa prática não é condizente com o
Supremo Tribunal.
Agora
é a vez da Folha de São Paulo, a mesma que afirmou ter sido a ditadura militar
no Brasil uma “ditabranda”. Ela publicou uma entrevista com Claus Roxin, autor
da teoria do “domínio do fato”. Ele esteve no Brasil há duas semanas atrás e
somente a FSP o entrevistou, mas somente agora ela foi publicada.
Não
é estranho que o autor da teoria que foi usada pelo Supremo Tribunal Federal
para condenar sem provas réus da Ação Penal 470, tenha sido publicada duas
semanas depois de realizada?
Há
duas semanas as condenações ainda estavam sendo realizadas e as eleições
municipais também. Roxin afirmou que sua teoria foi destorcida pelo STF e
condenou a forma como ela foi usada por aqui. Isso é o que dá não atualizar o
tradutor do Google.
Brincadeiras
à parte.
Insegurança
jurídica no país por causa da sanha justiceira de um promotor como juiz e de
uma grande imprensa corrupta que quase nunca cumpre seu papel de serviço
público. É isso que temos hoje.
Ronix
disse que “o clamor por condenações severas, mesmo sem provas suficientes não
corresponde ao Direito.”
Rosa
Weber chegou a dizer a seguinte pérola: “Não tenho prova cabal contra ele
[Dirceu] - mas vou condená-lo porque a literatura jurídica me permite”.
E
agora STF?
O
ministro Ricardo Lewandowski levantou a que tal teoria estava tendo uma
interpretação errada. Logo, a grande imprensa e os “mamãe eu sou reaça” de
plantão trataram de desqualificá-lo. “Nem mesmo se chamássemos Roxin poderia
ser aplicada ao caso presente.”
E
agora, vão desqualificar o autor da teoria?
O
medo de que JB tenha a mesma sanha justiceira com o mensalão do PSDB é o
motivador da mudança de discurso da grande imprensa. Mas infelizmente, para o
PSDB e a mídia, no processo do “mensalão” mineiro essa teoria não é necessária.
Nem com a leitura correta, nem com a errada.
Especificamente,
sobre o argumento usado para condenar José Dirceu, Ronix disse: “A pessoa que
ocupa a posição no topo de uma organização tem também que ter comandado esse
fato, emitido uma ordem” e completou “A posição hierárquica não fundamenta, sob
nenhuma circunstância, o domínio do fato. O mero ter que saber não basta. Essa
construção ["dever de saber"] é do direito anglo-saxão e não a
considero correta. No caso do Fujimori, por exemplo, foi importante ter provas
de que ele controlou os sequestros e homicídios realizados.”
Confusão
será quando os juízes de primeira instância começarem a usar a jurisprudência
da AP 470.
A
grande imprensa não criou apenas o “monstro” acima do bem e do mal Joaquim
Barbosa, criou também – com a inexorável ajuda da maioria dos ministros do STF
– o monstro da insegurança jurídica no país.
A
preocupação da grande imprensa com o povo é tamanha que a chamada do
“Fantástico” (?) é “o que todo o Brasil quer saber: quantos quilos perdeu
Ronaldo Fenômeno!”.
Pela
Globo acho que não sou do Brasil. Porque eu quero saber quando o “mensalão”
tucano e a “Lista de Furnas serão julgados”. Quero saber quando o Congresso vai
debater, sem medo dessa mídia corrupta que temos no país, a regulamentação dos
meios de comunicação. Quando vamos debater a Reforma Política.
Quantos
quilos o Ronaldo perdeu após seu contrato milionário, sinceramente, só
interessa a imbecis. Perdoem-me o palavreado chulo.
Com
todo esse contorcionismo da grande imprensa para mudar de opinião sobre uma
coisa que ela mesma ajudou a criar. Sem falar na “estatização” de uma
multinacional, a Visanet.
Um
dos pilares midiáticos desse julgamento é que foi usado dinheiro público.
Até
esquimó sem internet sabe que a Visanet é privada. Ou o Estado brasileiro é o
dono dos cartões de crédito Visa?
Como
disse em seu perfil no Twitter Jesus Divino Barbosa: “O Joaquim Barbosa
estatizou a Visanet e tucanou a "teoria dos fatos". Fez tantos contorcionismos
que arrumou até aquelas dores na coluna”.
Fonte - http://caduamaral.blogspot.com.br
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