Manifesto do Blog da
Cidadania, de Eduardo Guimarães, em apoio ao ministro que se insurgiu contra
iniciativas de Joaquim Barbosa obteve praticamente 10 mil adesões na internet e
no Facebook, a despeito da imagem negativa construída em vários meios de
comunicação; prova de que a "opinião pública" é apenas a opinião
publicada
247 - Lançado
por iniciativa de Eduardo Guimarães, responsável pelo Blog da
Cidadania, um manifesto digital em apoio ao ministro Ricardo
Lewandowski, que tem se levantado contra determinadas posturas de Joaquim
Barbosa, foi um sucesso. Praticamente dez mil adesões em poucos dias, a
despeito do achincalhe a que o ministro foi submetido por diversos colunistas e
meios de comunicação. Sinal de que a suposta opinião pública é, apenas, a
opinião publicada.
Abaixo, o texto de Eduardo Guimarães:
Se existisse uma réstia, um único miserável e
isolado átomo de honestidade nessa imprensa mistificadora que temos no Brasil,
todos os jornais, telejornais, rádios, blogs e sites corporativos que
espalharam versões sobre “repúdio popular” ao ministro do Supremo Tribunal
Federal Ricardo Lewandowski, a esta altura deveriam estar noticiando o
contraponto disso, uma massa de quase quatro mil pessoas neste blog e mais de
seis mil no Facebook que endossaram um manifesto de desagravo a ele pelas
agressões e calúnias de que tem sido vítima, as quais, incessantemente, flertam
com o crime contra a honra.
Por muito menos do que fizeram com esse homem de
vida inatacável e notório e reconhecido saber jurídico, seu par naquela Suprema
Corte, o ministro Gilmar Mendes, saiu processando meio mundo – inclusive
quem, ainda que acidamente, não mais do que meramente opinou em blogs.
Pois bem: aqui mesmo, neste blog, durante os
últimos dias em que o manifesto de desagravo a Lewandoswki foi levado a cabo,
algumas dezenas de pessoas, sob nomes e sobrenomes provavelmente falsos,
fizeram graves ataques à honra do desagravado – todos deletados sem dó nem
piedade. Ataques de um teor absurdo, injustos, irresponsáveis, os quais,
espantosamente, sempre acabam repercutidos nos grandes meios de comunicação,
como no dia do segundo turno das últimas eleições, quando a mídia, em bloco,
relatou “manifestações de repúdio” ao ministro, como a de uma cidadã que teria
dito sentir nojo dele, ou do mesário de sessão eleitoral que se recusou a lhe
estender a mão ao ser cumprimentado.
Dessas manifestações isoladas de incivilidade,
nasceram hordas de matérias na mídia tentando forjar uma impopularidade virtual
que o ministro Lewandowski teria auferido ao se negar a condenar o “núcleo
político” da ação penal 470, vulgo mensalão.
Até o último domingo, temia-se que Lewandowski
fosse linchado na rua devido a tanta impopularidade de que estaria sendo alvo.
Contudo, a partir de matéria publicada pela Folha de São Paulo naquele dia,
matéria contendo entrevista do jurista alemão Claus Roxin, formulador da teoria
jurídica do Domínio do Fato, como que pairou um sentimento de revolta entre os
de boa fé, pois o mesmo Lewandowski, quando da votação das condenações daquele
“núcleo político”, chegou a dizer, textualmente, que nem o próprio Roxin
acolheria o uso que fizeram de sua teoria.
Era preciso, pois, uma reação decidida.
Adotá-la, uma obrigação de qualquer cidadão. Razão pela qual este que escreve
viu, ali, oportunidade de, mais uma vez, exercer a própria cidadania oferecendo
a tantos indignados com a injustiça contra Lewandowski a chance de, por alguma
maneira, saírem da impotência.
Aqui se propôs um manifesto de desagravo ao
magistrado, do que decorreu apoio decidido de nomes da blogosfera como Luis
Nassif, com uma belíssima crônica, ou como Paulo Henrique Amorim, com seu bom
humor, ou mesmo como na crônica cáustica do Brasil 247. Eis que a blogosfera,
ladeada por um exército de internautas, desconstruiu mais uma falsa unanimidade
da direita midiática que pretendia vender Lewandowski como um homem
desmoralizado que já vinha sendo apontado quase que como mais um réu do mensalão,
em vez de julgador.
As milhares de pessoas que acorreram a este
blog, entre as quais se destacam juristas, jornalistas, advogados, muitos
estudantes de direito, vários alunos de Lewandowski, policiais militares,
filósofos, médicos, pedreiros, comerciantes, donas de casa, além de amigos e
familiares do ministro. E isso só para citar de cabeça alguns dos quais aqui
estiveram para deixar a direita midiática com uma falsa unanimidade a menos em
suas incontáveis estantes de fraudes do gênero.
Não foi, entretanto, sem custo que se fez o que
se fez aqui nesta página. O afluxo impressionante de pessoas para apoiar esse
magistrado revoltantemente injustiçado por ter simplesmente feito justiça como
melhor sabe fazer, ou seja, em defesa do Estado de Direito e com o rigor em
cada milímetro exigível, quando necessário, isso gerou acesso de milhares de
pessoas simultaneamente ao Blog para postarem mensagens de apoio ao magistrado
injustiçado, o que elevou a exigência da memória virtual que mantém a página no
ar de 8 gigabites para quase o triplo, 22 gigabites.
Enquanto isso, eu fora do país a trabalho e o
taxímetro do servidor de hospedagem do blog girando a todo vapor – quem entende
de informática sabe quanto os servidores cobram para manter uma página no ar.
Assim, apesar das dificuldades que se tem para manter no ar uma página sem
receita como esta, não havia que considerar custo outro que o de violar a
democracia em um processo fascista que condena primeiro e pergunta depois.
O maior custo, porém, não foi financeiro. A
página saindo do ar gerou-me uma angústia que só foi sanada ao custo de não
pensar em custos meramente monetários, mas nos custos para a democracia. As
horas que a página não pôde funcionar, portanto, não desagradaram só aos que se
queixaram, mas angustiaram duramente a este cujo único objetivo, desde que
criou este blog, sempre foi o de estimular cada brasileiro a exercer a própria
cidadania não se omitindo diante da injustiça, pois quem se omite diante dela
se torna, ele mesmo, seu cúmplice.
O custo do gigabite anda caro na praça? O custo
da injustiça é muito maior. Foi assim que, no Blog da Cidadania, mais uma vez
foi possível provar que cada cidadão é uma usina de recursos para combater o
que está errado, contanto que não se omita. Deste que escreve, portanto, todos
podem ter certeza de que esse comportamento nunca partirá, pois já estamos
muito perto de tornar o Brasil um país decente. Se os de esquerda não
desistimos nem durante a ditadura, quando nos açoitavam a carne e o espírito,
não seria agora que lhes entregaríamos tal vitória.
Fizemos justiça a um justo, neste blog. E ainda
puxamos o tapete de mais uma falsa unanimidade destro-midiática. Não há
dinheiro, nesta galáxia, que pague por isso.
P.S. Este manifesto foi entregue ao ministro no
dia da sua posse como vice - presidente do STF.
O autor deste Blog teve a honra de assinar o
referido manifesto
Fonte
– Brasil247
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