Em artigo, deputado
Zeca Dirceu (PT-PR) diz que condenação de seu pai representa "a
maior injustiça já cometida contra um líder político no Brasil"
247 - Num artigo emocionado, publicado nesta
terça-feira na Folha, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), faz uma defesa
contundente de seu pai, José Dirceu, e prevê que ele ainda dará a volta por
cima. Leia:
A luta do meu pai continua
Zeca Dirceu
Ao longo de todo o julgamento da ação penal 470,
conhecida como "mensalão", o que mais ouço são questionamentos sobre
como me sinto, assistindo à condenação de meu pai.
José Dirceu, uma das figuras públicas mais
conhecidas do país, foi e é um excelente pai. É um ótimo amigo da minha mãe
Clara e sempre foi exemplo para mim.
Nossa relação é de amor, amizade e cumplicidade.
Ainda adolescente, quando tive vontade de trabalhar, ele me incentivou a vender
sorvete e maçã do amor. Depois, tornei-me empresário e pude contar com ele.
Ingressei na política e meu pai esteve ao meu lado. Fui prefeito de Cruzeiro do
Oeste, no Paraná, por dois mandatos e hoje sou deputado federal. Recebi apoio,
carinho e compreensão dele em tudo o que me propus a fazer.
Amo muito o meu pai. Tenho orgulho dele. Da
coragem na juventude, saindo aos 16 anos de Passa Quatro, em Minas Gerais, para
São Paulo. Admiro a luta dele e de muitos outros jovens contra a ditadura, o
seu papel na redemocratização do país, o seu engajamento no movimento
Diretas-Já.
Inspira-me seu trabalho de construção,
organização e modernização do Partido dos Trabalhadores, levando Lula e Dilma
Rousseff a três mandatos presidenciais reconhecidos por índices recordes de
aprovação pelos brasileiros.
São governos que transformaram o Brasil, num
movimento inédito de distribuição de renda e inclusão social que melhorou muito
a vida dos que mais precisam da política e do governo.
Obviamente não me sinto bem vendo meu pai
condenado. O que tem me tranquilizado é perceber que a grande maioria do povo
brasileiro sente o que eu sinto: que esse veredito do STF (Supremo Tribunal
Federal) é a maior injustiça já cometida contra um líder político no Brasil.
Um dos sinais disso é que, apesar de toda a
publicidade negativa produzida pelo julgamento, o PT, mais uma vez, foi o
partido mais votado no primeiro turno das últimas eleições municipais, com 17
milhões de votos.
Tenho recebido mensagens de apoio e
solidariedade, vindas desde o mais simples cidadão, que pude encontrar nas mais
de 200 cidades paranaenses que visitei durante esta campanha eleitoral, até as
mais importantes autoridades, que encontro no dia a dia de Brasília.
A injustiça não é só contra meu pai, é contra a
política. Contra o Brasil, contra o Estado Democrático de Direito.
Principalmente pelos dois pesos e duas medidas que a imprensa e o STF adotam. O
"mensalão" do PSDB é mais antigo, mas não há a mesma pressa nem os
atropelos para o julgamento, como foi feito com a ação 470.
O que eu desejo é que esses erros sejam
corrigidos no futuro. Que cidadãos comuns e políticos não sejam condenados sem
provas, apenas porque "parecem ser culpados", ou porque "não
tinham como não saber do crime".
A certeza que carrego comigo é a mesma que minha
família e minha avó, dona Olga, hoje com 91 anos, tinham na década de 60,
quando meu pai foi preso pela ditadura: será muito difícil.
Muitos não compreenderão isso neste primeiro
momento. Mas os anos vão passar. Deus dará saúde ao meu pai e, mesmo que seja
após muitos anos, como foi na ditadura, ele, o Zé dos petistas, vai dar a volta
por cima.
Sua luta por um Brasil melhor continua, com Lula
e com Dilma, de mãos dadas com a ampla maioria do povo brasileiro -um povo de
bem, que não se deixa enganar nem pela mídia nem pelos equívocos históricos de
um tribunal que julga sob pressão.
Força, pai, para mais uma batalha!
Fonte
– Brasil247
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