Por Zé Dirceu
Continua firme o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso em suas múltiplas funções tucanas. Nesta 2ª feira (ontem), ao chegar à
Escola de Sociologia e Política, no centro paulistano, onde foi o convidado de
honra de ato que marcou os 80 anos da instituição, ele classificou como
"deformadas" as práticas políticas seguidas no país. Aí, como parte
do seu trabalho de carregar nas costas o PSDB, aproveitou para criticar seu
sucessor no Palácio do Planalto, o ex-presidente Lula.
"Isso (as práticas deformadas) independe do
presidente, vem de muitos anos. Na verdade, houve uma regressão, principalmente
no governo Lula, para a República Velha", disse FHC. Para ele, nesse
modelo de República Velha reformado, a ideia de coalizão praticamente
desapareceu. "Não há como chamar de presidencialismo de coalizão (o do
Brasil), porque há dois lados só, governo e oposição. Não é um bom
sistema".
Patrono e lançador há alguns meses da
candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) ao Planalto em 2014, o
ex-presidente tucano analisou, ainda, a afirmação - ou profecia - de seu
companheiro de PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, de que o
ex-governador e ex-presidenciável José Serra "será candidato" em 2014
(o governador não quis dizer a que cargo).
O "Serra será candidato", de Alckmin,
é informação ou profecia?
"Temos muitos candidatos", avisou FHC.
"Ele (Serra) pode ser candidato ou não. Tem muita contribuição a dar, de
qualquer maneira". Repetiu que "ninguém resolve uma candidatura dois
anos antes" - ele lançou a do senador Aécio Neves dois anos antes... FHC
garantiu, ainda, que José Serra não deixará o PSDB: "Ele foi taxativo na
convenção. Ele é um ser racional".
Diante de tudo o que ele disse, a pergunta que
fica é: nessa tripla condição de condutor dos tucanos, líder e articulador de
campanhas do partido, por que FHC não se empenha na luta pela reforma política?
E por que o seu PSDB se opõe à reforma política já no Congresso Nacional, em
tramitação na Câmara?
Com relação à candidatura de José Serra, o que
ele diz só reforça a crise do PSDB e da candidatura "natimorta” do senador
Aécio. Ele a lançou há meses, ela não emplacou, não une o partido, a
resistência do tucanato paulista continua tanto quanto ou maior que antes, e
nem ele, FHC, sabe o que Serra quer ou fará no futuro. Nem mesmo se continuará
tucano.
Fonte
– Blog A Justiceira de Esquerda
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