Os jornais costumam repercutir na segunda-feira com
grande destaque as matérias que são publicadas pelas revistas semanais. Pois
sábado saiu uma seríssima reportagem na Carta Capital e não houve um pio de
quem quer que seja.
Conta os bastidores da luta Serra x Alckmin em torno
da substituição de João Sayad da presidência da Fundação Padre Anchieta,
mantenedora da TV Cultura, de São Paulo. Que, segundo a revista, respinga sobre
o Supremo.
Sayad publicou um artigo, um tanto cifrado, na Folha,
intitulado “A taxonomia dos ratos”,para dizer que, ao lado
dos grandes casos de corrupção, havia outros, menores mas constantes, que
“sangra a organização (pública), faz favores a seus superiores e enche-se de
queijo de maneira paulatina e continuada”.
Diz a revista que a história tem relação comum negócio
ocorrido “meses antes da eleição de em que Alckmin seria candidato à
Presidência da República, (quando) a (TV) Cultura contratou a Fundação Renato
Azeredo por R$ 18 milhões a Fundação Renato Azeredo“, para operar seu próprio
contrato com o Supremo Tribunal Federal na manutenção da TV Justiça.
A Fundação Renato Azeredo leva o nome do pai do tucano
Eduardo Azeredo, que a criou, em 1996, quando era Governador de Minas Gerais.
Desde então, e até hoje, tem como esmagadora maioria de seus clientes
secretarias, empresas, universidades e órgãos estaduais e municipais de Belo
Horizonte, além de diversas prefeituras mineiras.
E, como jóias da coroa, o Supremo Tribunal Federal e o
Conselho Nacional de Justiça, agora como titular dos contratos, não mais
terceirizada, de prestação de serviços.
Carta Capital diz que o ministro Joaquim Barbosa “está
incomodado com a presença da Fundação”, quem sabe por suas ligações umbilicais
com Eduardo Azeredo, réu no Supremo pelo chamado “mensalão mineiro”, que todos
esperam que, finalmente, possa ser julgado.
O Tribunal de Contas da União considerou, em 2009,
irregular o contrato e foi comunicado pelo STJ de que a fundação paulista seria
a mineira.
Segundo a Folha publicou em fevereiro, a Fundação
Renato Azeredo foi “contratada em março de 2010, com dispensa de licitação, por
R$ 1,6 milhão. A vigência era de seis meses. Seis meses depois, um aditivo
prorrogou o contrato por 12 meses. Serviços foram ampliados e o valor passou
para R$ 4,2 milhões. O acréscimo de 24,93% foi no limite do percentual
permitido por lei”.
Numa nova licitação, a Fundação José Paiva Neto,
ligada à Legião da Boa Vontade, ganhou a licitação para cuidar do CNJ e,
segundo Carta Capital, também a do STF, embora ambas as instituições ainda
apareçam como clientes da Renato Azeredo em seu site.
No CNJ, já com Joaquim Barbosa, o contrato com a Paiva
Neto foi cancelado e administração assumida diretamente pela TV Justiça. No
STJ, segundo CartaCapital, a Paiva Neto venceu, mas foi inabilitada e a
contratação recaiu sobre a Renato Azeredo. O contrato segue para incômodo do
ministro Joaquim Barbosa, diz a revista.
Não é possível crer que o ministro Joaquim Barbosa
tenha o domínio sobre o fato de poder estar existindo alguma irregularidade e
se limite a ficar desconfortável.
Sua Excelência, se a imprensa não os busca, haverá de
dar todos os esclarecimentos sobre o assunto, inclusive sobre as contratações
feitas antes de sua gestão, mas já com sua presença no Supremo, que as aprova
de forma colegiada.
Afinal, não é possível imaginar que possa haver mais
compromisso com a transparência do que na administração da mais alta Corte
brasileira, não é?
Fonte – Blog A Justiceira
de Esquerda
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