por
Eduardo Guimarães
No mesmo dia do mês passado em que o país
recebeu uma excelente notícia sobre a sua economia, o Jornal Nacional a
transformou em notícia ruim de forma a não destoar do noticiário
maníaco-depressivo com que a mídia de oposição ao governo federal vem tentando
convencer o país de que estamos à beira da ruína econômica.
Em 25 de abril último, o site da Presidência da República anunciava
que o Desemprego no Brasil em março fora “O menor da série histórica iniciada
há 12 anos”, segundo IBGE. A notícia foi publicada às 16:02 hs. Às 21:12 hs.,
porém, o site do Jornal Nacional reproduzia
manchete que fora vocalizada minutos antes pelo âncora Willian Bonner: “Taxa de
desemprego no Brasil sobe para 5,7% em março”.
O cidadão que só se informou sobre o assunto
através do principal telejornal da Globo certamente ficou achando que a
situação do emprego piorou no país, sobretudo se só assistiu à “escalada” (o
que seja, o anúncio das principais notícias do dia) que o casal de
apresentadores do informativo Global apresenta no início de cada edição.
Mesmo que o telespectador do JN tenha
assistido à curta notícia sobre o desemprego que Bonner veiculou pouco depois e
não apenas à manchete durante a “escalada”, se não entender de economia deve
ter ficado com a impressão de que a notícia era ruim.
Veja, abaixo, a íntegra do texto que Bonner
recitou.
“A taxa de desemprego subiu para 5,7% em março.
Mesmo assim, o resultado foi o melhor para o mês desde 2002, quando o IBGE
passou a utilizar a metodologia de pesquisa atual. Número de pessoas empregadas
no país ficou estável. Mas, em São Paulo, houve queda de 1,3%, devido,
principalmente, a demissões na indústria”
A notícia, como foi dada pelo JN, induz o
público a erro. A notícia era – e continua sendo – excelente. Desde que o IBGE
começou a apurar o desemprego no Brasil com nova metodologia – o que ocorreu em
2002 –, março de 2013 teve a taxa mais baixa em relação a todos os outros meses
de março desses 12 anos.
Realmente o desemprego em março subiu em relação
a fevereiro – foi de 5,7% no mês passado e de 5,6% no mês anterior. Contudo,
relevar na “escalada” do telejornal uma alta de 0,1 ponto de um mês para outro
é uma evidente manipulação da notícia.
Mas o pior é que, apesar de Bonner ter
informado, muito rapidamente, que 5,7% foi a menor taxa de desemprego para um
mês de março, ele fechou a notícia com um dado irrelevante sobre a redução do
emprego em São Paulo.
Ora, por que o desemprego de São Paulo? E o dos
Estados em que caiu acima da média nacional, por que não citar? Como se vê, é
uma mera escolha que a redação do JN fez ao contrapor duas “más” notícias a uma
boa.
Essa tática já fora usada no mês anterior. Na
mesma época do mês de março, a Globo também veiculou que o desemprego “subiu” em fevereiro, quando, na
verdade, aquele mês também teve a menor taxa para um fevereiro desde 2002,
sempre segundo o IBGE.
O terrorismo com que Globo, Folha de
São Paulo, Estadão, Veja e seus satélites tentam piorar a
percepção da sociedade sobre a situação econômica do país valendo-se de
artifícios desonestos como esse supracitado é tão escandaloso e tem um viés
político-eleitoral tão claro que na edição da Folha de quinta-feira 16 de maio
o dito “decano do colunismo político nacional”, Janio de Freitas, perdeu a
paciência.
Apesar de alguns blogs já terem reproduzido essa
coluna de Janio, antes de prosseguir na análise reproduzo-a também (abaixo) não
só para quem não leu em outra parte, mas para ilustrar o absurdo de uma
campanha literalmente terrorista e mentirosa com que esse setor da mídia tenta
influir na política brasileira em favor dos partidos de oposição a ela aliados.
FOLHA DE SÃO PAULO
16 de maio de 2013
Janio de Freitas
O terrorismo do noticiário econômico martela; não
sei dizer se o governo está aturdido com isso
Liguei o rádio no carro. Entrou de sola: “é
crucial e não é bom!”. Um susto. O que seria assim dramático? A caminho do
almoço, o susto devorou o apetite. Claro, era mais um dado da realidade
terrível que o Brasil vive. As vendas no comércio de varejo, no primeiro
trimestre ou lá quando seja, caíram a barbaridade de 0,1%.
O comércio vendeu, no período, menos R$ 0,10 em
cada R$ 100. Pois é, crucial e nada bom.
Os preços, como o seu e o meu bolso sabem, vêm
subindo à vontade há tempos, o que fez com que o comércio precisasse vender
muito menos produtos para completar cada R$ 99,90 do que, na comparação com o
passado, precisara para vender R$ 100. Mas, na hora, não tive tempo de salvar o
apetite com esse raciocínio, porque à primeira desgraça emendava-se a notícia
de outra. A queda desanimadora nas vendas para o Dia das Mães, comparadas com
2012: queda de 1%.
É preciso lembrar o quanto os consumidores
encararam em aumentos de preços de um ano para cá? O comércio brasileiro está
lucrando formidavelmente, com o maior poder aquisitivo das classes C, D e E,
aplicado na compra dos tênis aos eletrodomésticos, dos móveis às motos, quando
não aos carros.
O terrorismo do noticiário e dos comentários
econômicos martela o dia todo. Não sei dizer se o governo está aturdido com
isso, como parece das tão repetidas quanto inconvincentes tranquilizações do
ministro Guido Mantega. Ou se comete o erro, por soberba ou por ingenuidade, de
enfrentar a campanha que está, sim, fazendo opinião.
Daí que me permito duas sugestões, se v. quer
elementos para formar sua própria opinião. O primeiro é a leitura, disponível
no site da Folha (folha.com/no1278158),
de um artigo muito importante, publicado no caderno “Mercado” de terça-feira.
Seu autor é Bráulio Borges, mais um economista que escreve em português (um dia
chegaremos à primeira dúzia).
Em “Pós-crise de 2008, debate mundial começa a
reavaliar velhas ideias’”, Borges mostra que as cabeças mais relevantes da
“ciência econômica” estão derrubando as teses de política econômica ainda
predominantes e adotadas pelos economistas e outros contra as linhas básicas da
política econômica no Brasil.
A outra sugestão é para que v. comece bem as
quartas-feiras. Se lhe ficam ainda reservas vindas de longe, releve-as e leia
os artigos em que Delfim Netto tem dito muito do que precisa ser dito para
fazermos ideia de onde e como estamos, de fato. Descontados, pois, terrorismos
e eleitorismos. Ou, no caso, são a mesma coisa?
E como crucial vem de cruz, não se esqueça:
enquanto o papa Francisco não chega, reze pelos nossos comerciantes, para que
recuperem suas perdas.
Janio acha que a campanha terrorista praticada
pelo jornal para o qual escreve e pelo resto desse setor da imprensa de forma a
ajudar a oposição nas eleições do ano que vem “Está, sim, fazendo opinião”, ou
seja, está convencendo a sociedade de que o país vai muito mal, obrigado.
Além disso, o “decano do colunismo político
nacional” também afirma que essa desinformação estaria tendo sucesso por
“Soberba ou por ingenuidade” do governo Dilma Rousseff.
Concordo com Janio quando se queixa do
imobilismo do governo diante de uma campanha imoral de desinformação que está
sendo martelada sem parar pelas empresas de comunicação já mencionadas.
Contudo, tenho minhas dúvidas de que tal campanha esteja funcionando.
Além da quase inacreditável boa situação do
emprego no Brasil em um mundo em que o desemprego campeia e convulsiona
sobretudo os países mais desenvolvidos e ricos, a renda das famílias e
sobretudo dos trabalhadores não para de crescer.
Um dado até mais importante do que o nível de
emprego crescente é o crescimento do rendimento médio do trabalho apurado pelo
IBGE nas seis regiões metropolitanas em que o instituto atua – Recife,
Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.
A Pesquisa Mensal de Emprego – PME do IBGE
revela que o rendimento médio do trabalhador deu um salto do ano passado para
cá. De fevereiro de 2012 para fevereiro de 2013, os salários efetivamente
recebidos (o valor líquido que chegou às mãos e bolsos do trabalhador)
continuaram crescendo.
Entre 2012 e 2013, os empregados dos setores
público e privado tiveram, em média, seus rendimentos aumentados de R$ 1.703,80
para R$ 1.840,20, o que representa um crescimento salarial de 8% (!).
A tese do governo Dilma, com a qual concordo em
parte, é a de que o que o brasileiro sente no bolso anularia o que a mídia lhe
diz sobre sua situação.
Apesar de o Jornal Nacional e o resto da
mídia oposicionista pintarem um país em ruínas, hoje há emprego para quem
quiser trabalhar e os salários não param de subir, apesar de quedas sazonais
serem apresentadas como “Tendência de interrupção do processo de valorização
monetária da mão-de-obra no país”.
Entende-se a aflição de Janio de Freitas. É duro
para um sacerdote do bom jornalismo como ele ver seu ofício ser cotidianamente
estuprado por empresários de comunicação que há muito abandonaram a missão de
informar, convertendo seus veículos em agências de propaganda
político-ideológica.
Todavia, terrorismo macroeconômico e midiático
não é novidade no Brasil. Foi praticado antes contra o governo Lula e em
condições até mais favoráveis para os terroristas midiáticos
A atual crise econômica internacional estourou
em 2008, quando os EUA deixaram o banco dos irmãos Lehman quebrar. O desemprego
no Brasil, então, chegou a subir por dois ou três meses. A investida midiática
foi pior, mas não funcionou porque faz tempo que os brasileiros deixaram de
acreditar no Jornal Nacional e cia. Ltda.
Fonte
- viomundo
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