"O inferno é
pouco", definiu o jornal argentino Página 12, sobre a morte do ditador
Jorge Videla; responsável por milhares de assassinatos, pelos quais foi
condenado a prisão perpétua, Videla morreu de causas naturais aos 87 anos, na
Penitenciária Marcos Paz; ele próprio admitiu a responsabilidade pelas
"mortes e desaparecimentos de entre 7 mil e 8 mil pessoas" durante
seu governo; "Tenho peso na alma, mas não estou arrependido de nada",
declarou
Monica Yanakiew
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Buenos Aires - O ex-ditador argentino Jorge
Rafael Videla morreu nesta sexta-feira (17), às 6h30, de causas naturais, na
Penitenciária Marcos Paz. Ele cumpria pena de prisão perpétua por crimes de
lesa-humanidade.
Videla, que tinha 87 anos, presidiu a Argentina
no período de 1976 a 1981. Ele foi o líder do golpe de 24 de março de 1976.
Quando a democracia foi restabelecida no país, em 1993, o ex-ditador e outros
membros das juntas militares que governaram o país foram processados por crimes
contra a humanidade. Videla foi condenado à prisão, mas acabou sendo anistiado
no governo Carlos Menen.
Em 2003, Néstor Kirchner assumiu a Presidência da
Argentina e revogou as leis de anistia em vigor no país. Com isso, Videla foi
novamente processado. Em dezembro de 2010, ele foi condenado à prisão perpétua.
A pena, desta vez, teve de ser cumprida em cela comum e não mais em uma prisão
militar.
O ex-ditador foi acusado de ser o responsável
pelo desaparecimento de pessoas e por roubos de bebês. Essas crianças eram
filhos de desaparecidos, e nasceram em cativeiro ou foram sequestradas enquanto
estavam com os pais e entregues para adoção, muitas vezes a famílias ligadas ao
regime.
Cerca de 30 mil pessoas desapareceram na
ditadura argentina, segundo organizações de direitos humanos. Até os últimos
dias de vida, Videla defendeu a atuação dos militares na ditadura. Para ele, a
"guerra suja" era necessária contra a guerrilha armada. O ex-ditador
nunca informou o paradeiro dos corpos dos desaparecidos nem dos bebês
sequestrados.
Confira aqui a
reportagem sobre a morte de Videla no principal jornal do país, o Clarín.
Fonte – Brasil247
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